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Mauricio Moreira ganhou a Volta e teve a desforra de si próprio

© Lusa

Mauricio Moreira (Glassdrive-Q8-Anicolor) fez as pazes consigo mesmo, ao vencer a Volta a Portugal em bicicleta, ‘remediando’ o erro que cometeu no ano passado com o triunfo no contrarrelógio da última etapa. 

Ciclista mais forte da passada edição, o uruguaio de 27 anos caiu no ‘crono’ final, no qual era favorito a destronar Amaro Antunes (W52-FC Porto), e acabou por perder a Volta por apenas 10 segundos.

Numa ‘sala de conferências’ improvisada na marginal de Gaia, com vista para o Porto, ‘Mauri’ disse não saber “se justiça é a palavra certa” para definir o que aconteceu hoje, o dia em que conquistou finalmente a prova ‘rainha’ do calendário nacional. 

“[Queria] poder remediar o que fiz no ano passado, porque sei perfeitamente que a queda foi um erro meu, e este ano não queria cometer o mesmo erro. Eu acho que fiz justiça comigo mesmo de não cometer o mesmo erro e de não continuar a reprochar-me isso”, assumiu.

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Por isso, enquanto cumpria os 18,6 quilómetros entre o Porto e Gaia, a sua preocupação eram as curvas. 

“Eu acho que o principal medo que tinha e o principal cuidado no percurso eram as curvas, para não acontecer o mesmo do ano passado. Ter mais segurança e tentar perder o menor tempo possível nas curvas, porque em relação a uma pessoa que é técnica, quem tem mais dificuldades perde muito”, detalhou.

Num “traçado técnico”, mas não perigoso, tentou ter “muito cuidado, porque eram curvas muito rápidas, e também descidas com paralelo”. 

“Acabei por sair beneficiado, porque sou uma pessoa de estatura grande, com peso. Na hora de atravessar os paralelos, de fazer curvas, porque hoje fazia vento, também me beneficiou bastante”, revelou o corredor de 1,89 metros.

Moreira não ficou muito surpreendido por vencer o ‘crono’, uma das especialidades que consegue fazer bem, embora tivesse “bastantes dúvidas, porque era um crono muito técnico, mas também de força”. 

“Quando saí, sentia que estava bem, sentia-me com segurança a fazer o percurso. Foi uma surpresa mas sabia que podia acontecer”, disse o homem que cumpriu a última etapa em 25.07 minutos. 

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O único contra da vitória foi mesmo ter destronado Frederico Figueiredo, o seu companheiro de equipa, que perdeu 01.16 minutos no ‘crono’ e caiu para segundo da geral, a 01.09.

‘Mauri’ nem hesita em reconhecer que ‘Fred’ poderia ter sentenciado a Volta no domingo, rumo à Senhora da Graça, mas preferiu seguir com os seus colegas até ao alto, hipotecando as suas hipóteses de vitória.

“Sem dúvida que considero que o Fred podia ter essa oportunidade [de ganhar a Volta]. O Fred é um trepador puro. Ontem, foi uma etapa de alta montanha e eu sofri muito. Ele deixou de lado os seus interesses, ele mesmo tomou essa decisão. Só posso agradecer e posso dizer que é um verdadeiro senhor e uma grande pessoa”, reiterou.

Ainda assim, o uruguaio sente “uma alegria enorme”. “Depois de um ano tão difícil, de ter ficado no ano passado com um sabor amargo de não conseguir dar a vitória à equipa, conseguir fazer isto este ano, é uma alegria muito grande”, resumiu.

Ao seu lado, Rúben Pereira reconheceu que viveu hoje o dia mais difícil enquanto diretor desportivo, indicando que lhe “dava igual” que ganhasse Moreira ou Figueiredo, pois o importante era que o triunfo fosse da Glassdrive-Q8-Anicolor.

“A vitória do Mauricio partiu muito do Frederico e da equipa. Nunca houve rivalidade entre os dois colegas, que é o mais importante. Para ele [Moreira] estar vestido com esta camisola, 50% é do Frederico e isso jamais podemos esquecer”, acrescentou, mostrando-se disponível para no próximo ano trabalhar para que Figueiredo ganhe a Volta.

Pereira admitiu ainda que nunca pensou ter três homens no pódio da 83.ª Volta a Portugal, mas que a corrida desenrolou-se de forma a que também António Carvalho acabasse em terceiro, a 02.35 do seu companheiro uruguaio.

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