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Manifestação contra Maduro no Porto

 Cerca de duas centenas de pessoas, maioritariamente estudantes, concentraram-se na praça da Liberdade, no Porto, para pedir ao Governo português que “tome uma posição em relação à situação que se está a viver na Venezuela”.

“Quando o medo morre, nasce a liberdade. Fim ao regime de Maduro” foi a frase na faixa colocada diante da estátua de D. Pedro IV. Ao lado bandeiras da Venezuela e nas estradas à volta da praça que “fecha” a Avenida dos Alados, no ‘coração’ do Porto, carros buzinavam e gente batia palmas.

Em declarações à agência Lusa, José Alves, aluno do curso de Línguas Aplicadas na Universidade do Porto (UP), explicou que o movimento que deu origem a esta concentração começou nas redes sociais e partiu de estudantes luso-venuzuelanos que “anseiam por liberdade para a Venezuela e querem ver o Governo português a marcar posição”.

“É uma exigência nossa. Portugal não pode ter uma posição neutra nesta matéria, tem de ser firme e não pode reconhecer a ditadura de Nicolás Maduro. Estamos aqui para exigir isso e para mostrar solidariedade com o Presidente interino da Venezuela”, disse José Alves.

O estudante de 22 anos refere-se a Juan Guaidó, de 35 anos, que se autoproclamou Presidente em exercício da Venezuela, assumiu a liderança do parlamento, o último órgão oficial sob controlo da oposição, emergiu como principal rosto do movimento que procura derrubar Maduro do poder.

Ao lado Susana Correia, estudante de Relações Internacionais na UP, segurava numa bandeira da Venezuela e um cravo vermelho.

“Esta é a melhor forma de explicar ao povo português o que sentimos e o que queremos para o nosso país. É mostrando o símbolo da vossa revolução. Foi com cravos que acabou a ditadura em Portugal e é em Portugal que estamos, é a Portugal que podemos recorrer para pedir ajuda”, disse a venezuelana, neta de avós madeirenses, que mora no Porto há três anos.

“Quem somos? Venezuela. O que queremos? Liberdade!” foi grito mais ouvido. De mão em mão foi passando um bloco com uma tabela onde era pedido que todos colocassem os seus contactos. O objetivo era conseguir organizar um grupo para pedisse uma reunião “urgente” ao primeiro-ministro português, António Costa.

Fátima Abreu Gomes também é aluna da UP, universidade onde os pais escolheram que estudasse porque, contou, “não confiam no futuro da Venezuela”.

“As condições estão a piorar todos os dias lá. A minha família sofre ameaças de sequestro. Às vezes ficamos três meses sem aulas e os melhores professores fogem, só ficam os piores. Falta comida, faltam bens essenciais, falta liberdade, falta tudo”, disse a estudante de Línguas Aplicadas.

Esta concentração acontece no dia em que, perante milhares de pessoas concentradas em Caracas, Juan Guaidó se autoproclamou Presidente interino da Venezuela.

“Levantemos a mão: Hoje, 23 de janeiro, na minha condição de presidente da Assembleia Nacional e perante Deus todo-poderoso e a Constituição, juro assumir as competências do executivo nacional, como Presidente Encarregado da Venezuela, para conseguir o fim da usurpação [da Presidência da República], um Governo de transição e eleições livres”, declarou.

Para Juan Guaidó, “não se trata de fazer nada paralelo”, já que tem “o apoio da gente nas ruas”.

O engenheiro mecânico de 35 anos tornou-se rapidamente o rosto da oposição venezuelana ao assumir, a três de janeiro, a presidência da Assembleia Nacional, única instituição à margem do regime vigente no país.

Nicolás Maduro iniciou a 10 de janeiro o seu segundo mandato de seis anos como Presidente da Venezuela, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade não foi reconhecida nem pela oposição, nem pela comunidade internacional.

A 15 de janeiro, numa coluna de opinião publicada no diário norte-americano The Washington Post, Juan Guaidó invocou artigos da Constituição que instam os venezuelanos a rejeitar os regimes que não respeitem os valores democráticos, declarando-se “em condições e disposto a ocupar as funções de Presidente interino com o objetivo de organizar eleições livres e justas”.

Os Estados Unidos, o Canadá, a Organização dos Estados Americanos (OEA), o Brasil, a Colômbia, o Peru, o Paraguai, o Equador, o Chile e a Costa Rica também já reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.

Até agora, só o México anunciou que se mantém ao lado de Nicolás Maduro.

A Venezuela enfrenta uma grave crise política e económica que levou dois vírgula três milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.

Esta crise num país outrora rico, graças às suas reservas de petróleo, está a provocar carências alimentares e de medicamentos.

De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a inflação deverá atingir 10.000.000% em 2019.

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