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Macron quer nomear primeiro-ministro nos próximos dois dias

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O presidente francês manteve esta tarde, durante duas horas, uma reunião com os líderes dos partidos políticos com assento parlamentar, com excepção dos representantes da extrema-direita e da França Insubmissa, à esquerda. Durante este encontro no palácio do Eliseu, de acordo com participantes, Emmanuel Macron anunciou a sua intenção de nomear um novo primeiro-ministro “dentro de 48 horas”. 

Após a queda do governo do antigo comissário europeu Michel Barnier na semana passada, cerca de 90 dias após ter chegado ao poder, Emmanuel Macron manteve um encontro hoje com os líderes de partidos e presidentes de grupos parlamentares considerados “republicanos” pelo campo presidencial, ou seja todos excepto o partido de Marine le Pen e a formação de Mélenchon.

No âmbito deste encontro cujo objectivo era chegar a um consenso quanto ao método “para nomear um novo chefe do governo”, os partidos de esquerda presentes expressaram o desejo de que esta primeira reunião colegial seja também a última.

“Desejamos que este debate não se prolongue sob esta forma por uma razão simples, é que Emmanuel Macron já não tem condições de ser árbitro”, disse o líder do Partido Socialista Olivier Faure, ao chegar ao palácio presidencial. No mesmo sentido, a chefe dos ecologistas Marine Tondelier considerou que “o resto das discussões deve decorrer na Assembleia Nacional”.

De acordo com esta responsável de esquerda que faz parte da NFP, Nova Frente Popular, coligação que chegou à frente nas legislativas de Julho, está fora de questão participar “num governo de interesse geral com os Republicanos, à direita, ou os macronistas”. Marine Tondelier acusou ainda os macronistas de “não estarem dispostos a fazer nenhum compromisso, nenhuma concessão”.

“Nós reivindicamos muito logicamente um primeiro-ministro de esquerda” que esteja “aberto a compromissos”, vincou o socialista Olivier Faure.

Do lado da França Insubmissa, um dos dois partidos excluídos do encontro, a desconfiança é perceptível.

O coordenador desta formação de esquerda, também membro da NFP, Manuel Bompard, apelou os restantes membros da coligação “a não ceder à tentação do governo nacional”. Quanto a si, o fundador do partido, Jean-Luc Mélenchon acusou os seus parceiros de serem instrumentalizados pelo Presidente da República e avisou: “Quem acha que pode ganhar um único assento sem nós?”.

“A política da cadeira vazia é uma forma de enfraquecimento da esquerda”, argumentou o líder do PS ao afirmar procurar uma “saída da crise”.

A possibilidade de se nomear um chefe do governo de esquerda, contudo, é considerada pouco plausível pelo líder da bancada dos republicanos, à direita, Laurent Wauquiez, que ao considerar que o encontro de hoje só poderia ser uma ocasião para falar do “método para obter uma não censura”, disse que “em nenhum caso” colocava em cima da mesa uma “participação num governo ou num programa”.

Refira-se que a pressão para nomear rapidamente um novo primeiro-ministro faz-se sentir essencialmente devido à situação financeira do país. Com um défice que deveria ultrapassar os 6% do PIB este ano, a França tem o pior desempenho dos 27 Estados-membros da União Europeia à excepção da Roménia, muito longe do limite de 3% autorizado pela União Europeia.

Nomeado em Setembro nomeadamente com o objectivo de reduzir o défice público para 5%, o governo de Michel Barnier não conseguiu ganhar a sua aposta devido à moção de censura votada contra o seu executivo na semana passada.

Este autêntico terramoto político inédito desde 1962, colocou por terra a adopção do Orçamento Geral do Estado, levando o governo demissionário ainda encarregue dos assuntos correntes a preparar um projecto de “lei especial”, que garanta ao Estado a possibilidade de levantar impostos a partir do dia 1 de Janeiro de 2025.

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