Macau propõe dança folclórica portuguesa a Património Cultural Intangível
O Instituto Cultural de Macau (ICM) anunciou esta semana uma consulta pública sobre a possível inscrição de 12 manifestações, incluindo a dança folclórica portuguesa, na Lista do Património Cultural Intangível do território.
A consulta, “para efeitos de auscultação da opinião pública” começa a 4 de dezembro, inclui uma sessão aberta à população a 7 de dezembro e irá e durar 30 dias, disse o ICM, num comunicado.
A líder de um grupo de dança folclórica portuguesa disse à Lusa que a possível listagem como património cultural intangível de Macau pode ajudar a preservar a cultura de matriz lusa na região chinesa.
“Temos sempre de lutar bastante para manter o mínimo da cultura portuguesa que ainda está viva em Macau, não é fácil”, disse a presidente da Associação de Danças e Cantares Portugueses ‘Macau no Coração’.
“É muito boa essa iniciativa e se [a dança folclórica portuguesa] entrar realmente na lista era ótimo para a nossa cultura”, defendeu a macaense Ana Manhão Sou.
Os macaenses são uma comunidade euro-asiática, composta sobretudo por lusodescendentes, com raízes no território.
Manhão Sou disse estar confiante que os residentes de Macau já encaram a dança folclórica portuguesa não como algo estrangeira, mas sim como parte integrante da cultura do território.
“Qualquer evento grande que é realizado pelo Governo, a dança é sempre convidada”, recordou a presidente da ‘Macau no Coração’, que elogiou “o apoio máximo” das autoridades da região na promoção do grupo.
Manhão Sou disse que o grupo “é um míni Macau”, que junta pessoas das comunidades macaenses, chinesa e portuguesa, mas admitiu que continua a ser “muito difícil” atrair rapazes para a dança folclórica.
Além da dança folclórica portuguesa, estão na lista de 12 novas manifestações recomendadas para inscrição a confeção de massas Jook-Sing (uma rara especialidade feita com ovos de pato), biscoitos de amêndoa, bolos de casamento tradicional chinês e pastéis de nata.
Os pastéis de nata de Macau, inspirados pelo pastel português, foram inventados por um britânico radicado na cidade, Andrew Stow.
A lista inclui ainda a crença e costumes de Tou Tei (o deus chinês da Terra), o festival e a regata de barcos-dragão, a dança do dragão, a dança do leão, o Festival da Primavera (que inclui o Ano Novo Lunar) e a arte marcial Tai Chi.
Em 2019, Macau já tinha inscrito como património cultural intangível as procissões católicas do Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos e de Nossa Senhora de Fátima, a gastronomia macaense e o teatro em patuá, o dialeto crioulo da comunidade.
Em 2021, a gastronomia macaense e o teatro em patuá foram também incluídos pela China na Lista de Património Cultural Imaterial Nacional.