Sabe-se agora que se inventou a prisão,
Para os larápios, mas sempre tesos,
E por falta de imaginação,
Se roubam menos de um milhão
Outra coisa não merecem a não ser estarem presos.
Porque,
Do estudo feito saiu uma conclusão,
Somos um país pioneiro
Na arte malabarista da corrupção,
Contornando a lei com o poder do dinheiro.
Mas de facto, são só meia dúzia de figurões
Artistas de um raro talento em enganar,
Livres da justiça porque levam milhões
E porque para ser malandro é preciso saber roubar.
São malandros, mas exigem muito respeito,
Fazem desvio de dinheiro com grande habilidade,
Muitos são crentes e batem com a mão no peito,
Mas não são crentes de verdade.
Impostores de se lhes tirar o chapéu,
Têm muito dinheiro, mas não é seu.
São ladrões muito cuidadosos,
Falsos, hipócritas, e sem personalidade,
Falam e quando falam são mentirosos,
Negam aquilo que todos sabem ser verdade.
Tanta riqueza tanto dinheiro e tantos valores,
Mas não passam de uns impostores.
Quem tem tanto dinheiro assim, sempre vence,
Porque compra tudo, às vezes até a justiça,
Mas quem rouba o que lhe não pertence,
Será um dia vítima da sua própria cobiça.
São dominados pela sua enorme ganância,
Ganância sem quaisquer limitações,
Luxos e mordomias em abundância,
Porque roubam aos milhões.
E que ninguém tenha ilusões,
Da vida rica luxuosa e abastada,
Arrecadam estes sacanas aos milhões,
E a maior parte do povo fica quase sem nada.
Fica o povo à mercê de alguns restos,
Gratos por estes ladrões serem tão honestos.
Do estudo feito ficou a conclusão,
De que a maioria da população é honesta,
E que ladrão que rouba menos de um milhão,
É ladrão que não presta.
(Possivelmente Poemas)
António Magalhães