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La Petite Portugaise: sete anos a unir Bruxelas à cultura portuguesa

© La Petite Portugaise

A livraria La Petite Portugaise celebra este ano o seu sétimo aniversário, afirmando-se como um ponto de encontro incontornável para a promoção da língua e da cultura portuguesas em Bruxelas. Desde 2017, este pequeno espaço, situado na Chaussée de Wavre, é um refúgio para leitores, artistas e todos os apaixonados pela cultura lusófona, oferecendo um ambiente acolhedor para explorar livros, partilhar ideias e viver experiências culturais únicas.

La Petite Portugaise surgiu em 2017, da vontade de um grupo de amigos em promover a língua e a cultura portuguesas, nomeadamente através da literatura, mas não só. Além disso, a sua criação foi motivada pelo desejo de preencher uma lacuna deixada pelo encerramento da livraria Orfeu, que durante anos desempenhou um papel fundamental na divulgação da literatura lusófona em Bruxelas. “O país ficou órfão de um espaço desse tipo, e quisemos remediar essa falta”, explicam Elisabete da Silva Soares e Susana Pratt, duas das fundadoras da livraria. Assim nasceu a associação sem fins lucrativos e a livraria La Petite Portugaise, que rapidamente se tornou um ponto de encontro para todos os que se interessam pela língua e pela cultura portuguesas. “É uma livraria pequena, mas (como disse um dia um dos nossos convidados) com uma grande alma, ou não fosse portuguesa!”, acrescentam.

Balanço dos sete anos

Desde que foi criada, a livraria enfrentou desafios e alcançou conquistas. Susana e Elisabete destacam a evolução da seleção de livros, a criação de um espaço digital e a aposta na venda por correspondência, especialmente durante a pandemia.

“Conhecemos melhor o mundo da edição, temos uma seleção de livros muito maior. Medimos melhor as nossas possibilidades com os meios que temos, selecionamos mais os nossos eventos, porque não podemos dar seguimento a todos. Desenvolvemos o espaço na internet e a venda por correspondência”, referem.

Apesar das dificuldades – financeiras, logísticas e humanas –, La Petite Portugaise manteve-se firme, mesmo durante a pandemia. “Ter uma livraria nos dias de hoje já é, por si só, um desafio. Outra dificuldade é o envio de livros encomendados de Portugal para Bruxelas, porque levanta muitos problemas. Mas acreditamos que vale a pena pela riqueza cultural que proporcionamos à nossa comunidade.”

Relativamente à evolução do interesse pela literatura portuguesa em Bruxelas, “o interesse tem sido constante, e bastante estável, por todos os estilos e escritores, muito variado. Visitam-nos leitores de vários horizontes, de níveis diferentes de conhecimento da língua portuguesa. Certamente Saramago é o escritor mais vendido, mas há um interesse muito variado seja por parte da população lusófona, seja por parte parte dos estudantes ou falantes/leitores de português. Os novos escritores também cativam bastante o público.”, explicam.

© La Petite Portugaise

Comemoração do 7.º aniversário

Para assinalar o sétimo aniversário, a livraria lançou um quiz literário (que decorre até à meia-noite do dia 21 de janeiro), incentivando o público a descobrir a riqueza da poesia lusófona. “Muitas pessoas têm medo da poesia, mas acreditamos que ela nos transporta para outras dimensões e nos liga ao nosso interior”, explicam. As três pessoas que obtiverem os melhores resultados vão receber vales no valor de 30 euros, 20 euros e 10 euros para usar na livraria.

Os resultados do quiz, que tem tido muita adesão, serão apresentados no evento “Simbiose”, a realizar no dia 28 de janeiro, onde a poesia e a fotografia se cruzarão num encontro que promete surpreender. “Esse evento, com Ana Carvalho e Pedro Sena-Lino, vai ser um misto de fotografia com poesia, uma revelação de como essas duas artes se podem inspirar mutuamente. Como sempre, o público terá um papel ativo, e não apenas de espetador.”, prometem.

Momentos inesquecíveis

Entre os muitos eventos marcantes durante os últimos sete anos, Susana e Elisabete recordam os encontros com escritores como Afonso Cruz, Isabela Figueiredo, Luís Filipe Castro Mendes, Luís Cardoso, Pedro Eiras e Rui Lage. A representação da “Ode Marítima” de Álvaro de Campos por Manuel Wiborg e a sessão de poesia musicada com Paulo Pego, André Araújo e André Rosário também foram eventos memoráveis.

“Outro momento notável terá sido a apresentação da Antologia de poesia portuguesa (bilíngue) na Embaixada de Portugal, pelo que a obra representa no panorama literário em língua francesa e portuguesa.”, revelam.

“Num domínio completamente diferente, de pleno contacto com o público, consideramos também marcante a nossa presença nas festas públicas O Melhor de Portugal, no Parc du Cinquantenaire, e na organizada pela Commune d’Ixelles na Place Flagey, em Bruxelas. Mais recentemente, a participação nas celebrações dos 50 anos do 25 de Abril, com fotografias de Alfredo Cunha e apresentação de Fernando Rosas, foi outro momento de destaque.”

La Petite Portugaise

Planos para futuro

O futuro da La Petite Portugaise continua a ser moldado pelas ideias e pelo entusiasmo do público. “Não temos tempo para fixar objetivos. O nosso público, os nossos voluntários e as pessoas que nos propõem projetos e eventos estendem permanentemente os limites até onde poderemos chegar. Às vezes pensamos que já atingimos o nosso limite, mas depois vamos sempre mais longe”, revelam.

A livraria mantém ainda parcerias com escolas, professores e instituições como o Instituto Camões. “Também fazemos regularmente exposições de arte ou artesanato na nossa livraria e organizámos vários pequenos concertos com artistas ou músicos lusófonos na Bélgica. Promovemos sobretudo as ideias originais que combinam arte, música e poesia”, acrescentam.

Mensagem de agradecimento

“Os leitores e todos aqueles que nos visitam são o nosso melhor estímulo. Agradecemos também aos escritores, a todos os criadores de universos tão diferentes que generosamente aceitam partilhar connosco a beleza do que fazem. Visitem-nos, participem nas nossas atividades, inscrevam-se na nossa newsletter. Contamos com todos!”

Texto: Fabiana Bravo

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