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Jorge Rizzini: o ofício da escrita

Bastante jovem iniciou-se Jorge Rizzini no jornalismo, tendo passado pelo jornal Diário de S.Paulo, pelas revistas Planeta, Edição Extra e Quincas Borba, assim como pela TV Cultura, de São Paulo, e pela extinta TV Continental, do Rio de Janeiro. Dizia sempre que “a força de um jornal está , antes de tudo, em seus repórteres. O resto vem depois.”

Sua produção literária, com quase três dezenas de títulos publicados, abarcou ficção, dramaturgia, biografia e ensaio. A estreia literária, em 1951, foi com a novela Carlito e os homens da caverna, mas a consagração como ficcionista veio com o livro de contos Beco dos aflitos, em 1957, ganhador do Prêmio Fábio Prado daquele ano. O crítico Brito Broca, logo após o lançamento da obra, escreveu no Correio da Manhã, do Rio de Janeiro: “E devemos reconhecer que Jorge Rizzini sabe objetivar em termos romanescos os angustiosos problemas cuja solução propõe, não havendo nessas páginas uma nota que soe falso”.

Ênio Silveira, editor de Beco dos aflitos, assim que acabou de ler os originais, declarou que estava impactado com a influência de Dostoiévski . O escritor Adonias Filho, no Jornal do Comércio salientou : “A preocupação, a que não falta a sombra dostoievskiana como demonstram os contos O subterrâneo e Um homem murcho, é essa de atingir a consciência em conflito para mostrá-la em sua significação clássica”. Outros destacados nomes da crítica literária daquela época, como Antonio D’Elia, Rolmes Barbosa, Waldemar Cavalcante e Antonio Olinto foram unânimes em observar a linhagem do autor de Crime e castigo a que o então jovem autor se filiava.

Considerado o primeiro biógrafo de Monteiro Lobato, publicou, em 1953, História de Monteiro Lobato, mais tarde reeditado com o título Vida de Monteiro Lobato. Foi também biógrafo do escritor J.Herculano Pires e do médium espírita Eurípedes Barsanulfo.

Para o teatro escreveu A cidade perdida, premiada pelo Conselho Estadual de Cultura de São Paulo; A terceira revelação e A visita.

Ensaísta profícuo, deixou um pioneiro estudo sobre o comportamento sexual nos presídios, a que intitulou O sexo nas prisões, merecedor de elogiosas críticas de especialistas na área. De sua lavra também foi o primeiro estudo mais alentado sobre o famoso médium mineiro José Arigó, figura de larga repercussão nos meios jornalísticos, nos anos 1960. No instigante Escritores e fantasmas estudou a relação de diversos escritores com o sobrenatural.

Espírita militante, fez várias palestras na América Latina e Europa sobre a religião que desde jovem abraçou, tendo sido fundador do Clube de Jornalistas Espíritas do Estado de São Paulo, bem como colaborador de vários jornais e revistas doutrinários, não deixando, porém, de questionar o excessivo misticismo e os descaminhos do movimento espírita nas últimas décadas, com o surgimento de um sem número de pseudo-psicógrafos e pintores mediúnicos.

Em 1996 voltou à ficção com O regresso de Glória e ao falecer, em Buenos Aires, a 17 de outubro de 2008, aos 84 anos, preparava novo livro de ensaios, cujo título seria A verdade sem véu, no qual traria sua longa experiência com os fenômenos paranormais.

Sobre o autor do artigo: Angelo Mendes Corrêa é doutorando em Arte e Educação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (USP), professor e jornalista.

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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