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Iniciativa Liberal espera firmeza do Governo nos contactos sobre luso-venezuelanos detidos

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O presidente da Iniciativa Liberal (IL) disse hoje esperar “firmeza” do Governo português no caso dos luso-venezuelanos detidos na Venezuela e que haja “veemência” nos contactos diplomáticos com o regime de Nicolás Maduro.

Rui Rocha falava à margem de uma manifestação organizada pela associação Venexos, de apoio aos venezuelanos e à mudança na Venezuela, que decorreu ao final da tarde na Praça dos Restauradores, em Lisboa.

Questionado se o Governo deveria ter um papel mais firme no caso dos luso-venezuelanos detidos na Venezuela, Rui Rocha considerou que sim.

“É como digo, nós respeitamos os processos diplomáticos, mas sim”, afirmou, elencando a violação dos direitos humanos, a perseguição, a falta de transparência e de democracia no país.

“Quando estão em causa membros da nossa comunidade, a comunidade luso-venezuelana, aquilo que se exige ao Governo português é firmeza”, sublinhou o líder da IL.

Rui Rocha disse ainda ter ouvido as declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e esperar “que a veemência que foi posta no discurso seja a veemência que é posta nos contactos diplomáticos com o regime de Nicolás Maduro”.

“É absolutamente inaceitável que tenhamos membros da comunidade luso-portuguesa sujeitos a prisão, desaparecidos”, tal “como é inaceitável que um povo inteiro, o povo venezuelano, esteja refém de Nicolás Maduro”, que classificou de “ditador sanguinário”.

Na sexta-feira, o Governo português exigiu às autoridades venezuelanas “a libertação imediata e incondicional de Williams Dávila Barrios, político da oposição e ex-governador do Estado de Merida, com nacionalidade portuguesa”.

Numa declaração na rede social X, o ministro dos Negócios Estrangeiros português afirmou que “Portugal insiste na libertação dos opositores políticos detidos, na garantia da liberdade de manifestação política e na transparência democrática, em contacto estreito com os Estados da região e com os parceiros da UE”.

No texto, Paulo Rangel salientou que Dávila Barrios foi detido quinta-feira, “de modo arbitrário e com saúde precária”.

Também na sexta-feira, em declarações à Lusa, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, disse que dois luso-venezuelanos se encontram detidos na Venezuela devido à sua participação em manifestações contra Nicolás Maduro, estando o Governo português a acompanhar o caso.

Trata-se de um homem e uma mulher que foram detidos durante esta semana, quando participavam em atos que “o regime considera ilegais”, afirmou José Cesário.

Os detidos têm nacionalidade venezuelana e portuguesa, sendo, para já, os únicos detidos de que o Governo tem conhecimento.

Entretanto, fonte familiar disse à Lusa que foi detido um outro luso-venezuelano, um jovem que se encontra numa dependência policial na localidade de Puerto Cabello, estado de Carabobo (centro-norte do país), depois de ter sido apanhado pela polícia, juntamente com outras pessoas, durante uma manifestação pacífica de contestação aos resultados das eleições presidenciais de 28 de julho.

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, vive uma crise eleitoral após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter atribuído a vitória a Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um “ciberataque” de que alegadamente foi alvo.

Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.

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