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Geekering: um projeto português que descomplica a tecnologia

André Martins, Bruno Silva e João Louro têm em comum a amizade e a paixão por tecnologia e eletrónica. Os três conheceram-se em Leiria mas atualmente André vive na Irlanda (onde está a fazer um doutoramento) e Bruno divide-se entre Leiria e Barcelona (onde também está a completar um doutoramento).

Em 2019, os jovens decidiram dar corpo a uma ideia que se materializa no site Geekering. O BOM DIA foi descobrir a história por trás deste projeto.

O início de tudo

A ideia surgiu em março de 2019, em Leiria, quando André se juntou ao Bruno e ao João, à data, investigadores e estudantes de mestrado em Engenharia Eletrotécnica no Politécnico de Leiria. Os três partilhavam a necessidade de encontrar numa só plataforma todos os conteúdos das várias vertentes desta área de estudo, mas que fossem disponibilizados de uma forma simples, descomplicada e fácil de aplicar.

“Muitas vezes, enquanto especialistas, não temos noção das ferramentas que dominamos, porque as pessoas que nos rodeiam, neste caso no mundo académico, também as dominam. Mas para o público em geral, é na nossa plataforma que muitos encontram a motivação e a ajuda para fazer ou desenvolver alguma coisa nesta área. Desta necessidade surge o projeto Geekering”, conta-nos André.

A escolha do nome

O nome Geekering resulta da aglutinação das palavras de geek com engineering. “A escolha foi feita pela definição específica que descreve um geek como alguém que é fã de tudo aquilo que envolve tecnologia e eletrónica”, explica-nos André. Partindo desta base, a ideia foi criar um nome que estivesse relacionado com aquilo com que se identificam (geeks) e com o que se propõem (ensinar conteúdos na área da engenharia).

Da teoria à prática

“O processo foi trabalhoso, mas uma vez que estávamos bastante entusiasmados, começamos logo a dividir tarefas, definindo objetivos a curto e médio prazo, de forma a tornar o projeto numa realidade”. O primeiro conteúdo foi publicado apenas um mês depois da ideia ter surgido. Na altura, os jovens tinham muita coisa por definir e pouca metodologia de trabalho no que diz respeito à construção deste tipo de conteúdos digitais. “Não tínhamos sequer noção dos detalhes que poderiam fazer a diferença. Mas tínhamos o mais importante: o conhecimento e o interesse pela área”, refere André. Neste momento, a equipa conta já com 12 contribuidores todos de especializações diferentes, o que dá à plataforma uma oferta de conteúdos versátil e de largo espetro.

Fazer a diferença

Mas afinal, em que é que o Geekering se distingue de outros sites da mesma área? André não tem dúvidas na hora de responder: “o nosso projeto não é só uma plataforma onde partilhamos conhecimento, mas também onde podemos ter os nossos portfólios pessoais em formato digital e onde os contribuidores podem ter uma secção que é exclusivamente da sua autoria.” Este fato torna-se bastante útil e já tem dado frutos uma vez que vários contribuidores têm tido alguns benefícios práticos (por exemplo, em entrevistas de emprego) que resultam da sua participação no projeto.

O alcance e as redes sociais

O site é o principal meio utilizado para disponibilizar conteúdos, mas o projeto está também presente no Facebook, Instagram, Linkedin, Twitter, Reddit e YouTube. Os criadores do Geekering têm noção da projeção e do potencial das redes sociais e utilizam-nas com o objetivo de promover ao máximo o projeto, para diferentes públicos e utilizando formas diferentes de partilhar os conteúdos originais.

“Neste momento o site conta com uma média diária de 600 visitas provenientes essencialmente dos EUA, Índia e Alemanha. A diferença significativa dos últimos tempos foi o alcance que conseguimos atingir através do Instagram. Tendo atualmente uma média de alcance de 850 pessoas por publicação e conteúdos de vídeo que superaram os 10K.”, conta-nos André.

Gestão à distância

Uma vez que os conteúdos que desenvolvem são maioritariamente digitais, André, Bruno e João concordam que é fácil gerir o projeto à distância. “Durante os confinamentos sucessivos que vivemos nesta pandemia, ficou provado que muito trabalho pode ser feito à distância e as ferramentas utilizadas para isso acabaram por evoluir significativamente neste período”, conta-nos. Para se organizarem, trocam ideias diariamente por chat, têm reuniões quinzenais e  outras trimestrais com todos os contribuidores: “nestas reuniões virtuais, trocamos ideias, apresentamos os resultados e definimos os próximos objetivos.”

Desafios e metas para o futuro

André não tem dúvidas de que “o maior desafio é manter a consistência na disponibilização de conteúdos ao longo do tempo e a motivação de todos os contribuidores”. O açoriano explica que a equipa está sempre a tentar melhorar os conteúdos e a forma como são disponibilizados. “Pretendemos que Geekering continue a crescer, seja ao nível da nossa equipa de contribuidores (para que mais e melhor conteúdo seja disponibilizado) seja ao nível das pessoas que seguem e conseguem tirar partido deste projeto.”

O projeto já conquistou também algumas empresas que vêm em busca de auxílio para desenvolver algum tipo de solução/produto. Apesar de dar este tipo de resposta não ser o foco do projeto, consoante a disponibilidade a equipa do Geekering tenta sempre ajudar. “Temos perfeita noção de que temos uma equipa qualificada, com provas dadas nas diferentes vertentes de Engenharia Eletrotécnica, e que essa lacuna existe na indústria, portanto é natural que esse tipo de contactos por parte de empresas continuem a existir.”

E o que é preciso para poder fazer parte desta equipa e contribuir? “Diria que acima de tudo é preciso conhecimento e gosto pela área de Engenharia Eletrotécnica e interesse em fazer parte desta comunidade Geekering.”, explica André.

Perfis

André Martins (28 anos, Ilha Terceira)

Engenheiro Eletrotécnico com especial interesse nas disciplinas de Automação, Robótica e Sistemas Embebidos. Mestre em Engenharia Eletrotécnica na área de Energia e Automação. Aluno de doutoramento em tecnologias para Fábricas Inteligentes e assistente convidado no Politécnico de Leiria.

Bruno Silva (27 anos, Marinha Grande)

Engenheiro Eletrotécnico com especial interesse em Ciência de Dados, Robótica e Automação. Mestre em Engenharia Eletrotécnica na área de Energia e Automação. Aluno de doutoramento em Inteligência Artificial e assistente convidado no Politécnico de Leiria.

João Louro (26 anos, Porto de Mós)

Engenheiro Eletrotécnico com especial interesse em Sistemas Embebidos, Sistemas Operacionais em Tempo Real, Áudio e Rádio Propagação. Mestre em Engenharia Eletrotécnica na área de Eletrónica e Telecomunicações. Assistente convidado no Politécnico de Leiria.

Reportagem de Fabiana Bravo

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