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Flagrantes da vida real (em ambiente de Covid-19)

© DR

Foi notícia em Portugal que os ladrões andam a roubar cada vez mais máquinas de distribuição de tabaco.

É possível que isso se deva a outras notícias, vindas a lume durante os últimos dias, de acordo com as quais os fumadores contraem menos Covid-19 que o resto da população. Ao que parece, dizem os especialistas que isso seria provavelmente devido à existência de uma forte carga de nicotina nos brônquios dos fumadores.

Ou seja, qualquer coisa parecida como quando se anda à procura de um lugar para estacionar o carro. Quando o coronavírus procura lugar, não o encontra porque já não há nenhum lugar livre na rua, isto é nos brônquios, está tudo ocupado !

Quanto aos ladrões, é possível que sim, que a ideia de que a nicotina ajuda a retardar a infeção, tenha alguma influência no facto desta classe profissional, amplamente poupada nas suas formas mais elaboradas, segundo o que afirma a Transparency International, na sua prática de ir ao bolso dos outros – os que tudo pagam, se esteja a reorientar profissionalmente.

Preferindo agora “desviar” tabaco em vez de roubar máquinas Multibanco, nesta altura certamente menos fornecidas em notas do que quando a população, então não confinada em casa, manipulava quotidianamente muito mais dinheiro vivo.

O que sei – e juro que é totalmente verdade – é que compreendo perfeitamente os fumadores que preferem optar por morrer a pequeno fogo, um dia de cada vez, passo a passo em direção à cova, em vez de deixarem o maldito coronavírus dar cabo deles numa semana e picos.

Não ficaria portanto surpreendido caso algum estudo, até patrocinado por qualquer marca de tabaco, venha confirmar que a nicotina “protege” efetivamente a franja da populacão que fuma como uma chaminé. Pela simples razão que ela retarda o aparecimento de uma outra qualquer doença nos pulmões (em certa medida, não mais que isso).

Como disse antes, e também porque acompanhei mais de perto e durante muito tempo um caso destes, tenho experiência do que é andar a ser tratado por falta de ar. Posso, por isso, fazer com propriedade o paralelo entre as duas situações, a de dar cabo de si em 14 a 21 dias e a de fazer o mesmo mas em 30 a 40 anos.

Até porque no meu caso, a experiência é tanto mais concluente que a pessoa fumava no mínimo quatro pacotes de Português Suave por dia (que de suave nunca teve nada, sobretudo o cheiro).

Dito de outra forma, na minha opinião se a nicotina “protege” do Covid-19 é porque ambos têm efeitos semelhantes, a diferença consistindo no prazo de tempo que dura o doente.

Algo que é evidentemente muito importante, tanto para a família do fumador, por todas as razões de coração que já se sabem, mais uma (as contas lá de casa), como o é também para o Estado, já que os impostos sobre o tabaco são a sua segunda maior fonte de receita.

Voltando ao Covid-19, ou melhor dito o SARS-CoV-2, num caso, a coisa resolve-se num curto lapso de tempo de, aproximadamente, 14 a 21 dias.

No outro caso, aquele a mais longo prazo, a doença vai progredindo devagarinho até que nos últimos anos os mesmos efeitos se instalem. Idênticos no seu resultado, embora neste caso menos gravosos do que aqueles que acontecem, em apenas alguns dias, num doente com Covid-19.

A diferença, repito, está no facto que no primeiro caso, arder tudo lá por dentro (pulmões) e a pessoa deixar de conseguir respirar num ápice, deteriorando-se o seu estado de saúde de forma dramática de um dia para o outro.

No segundo caso – e por isso é que afirmo que compreendo os fumadores, todos eles candidatos, decerto involuntários, a ficarem doentes dos pulmões a médio ou longo prazo – a coisa é semelhante, só que se instala devagarinho, insidiosamente e durante muitos anos, até que os brônquios deixam progressivamente de assimilar o ar que se respira, de tão obstruídos que estão pela nicotina e as outras quatrocentas substâncias em que, segundo os pneumologistas, se transforma um cigarro acesso.

Por ter observado pessoalmente o que acabo de relatar, posso testemunhar, se preciso for com a mão pousada na Bíblia e tudo o mais, que a coisa é sobretudo semelhante quando o fumador, agora já manifestamente doente, quer andar com um passo mais rápido, por exemplo para apanhar um autocarro, e não o consegue, porque lhe falta o ar.

Juro que é impressionante estar ao lado de alguém que não consegue respirar, sem se poder fazer o que quer que seja para o aliviar, porque os seus pulmões já não absorvem suficientemente o oxigénio que respira !

Como é também muito impressionante acompanhar o dia a dia de um familiar ou amigo quando já lhe ardem os pulmões, sinal que o cancro se instala !!!

Acreditem, porque tudo isto é simplesmente conforme à verdade do que vivi durante muito tempo ao lado de um familiar.

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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