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Festival de Annecy, uma “montra fabulosa” para o cinema português

© DR

O festival de cinema de Annecy, em junho em França, que terá Portugal como país convidado, vai ser “uma montra fabulosa” para a animação portuguesa, nas palavras do programador Fernando Galrito, em entrevista à Agência Lusa.

“É o maior festival de animação do mundo e o terceiro maior festival de cinema do mundo. (…) Será uma montra fundamental do cinema de animação português para o mundo e para nós próprios, para nos conhecermos melhor”, disse.

O festival de Annecy, que decorrerá de 09 a 15 de junho, já tinha anunciado há vários meses que Portugal seria o país em destaque, mas revelou esta semana que Fernando Galrito, diretor do Monstra – Festival de Animação de Lisboa, é um dos responsáveis que desenhará a presença portuguesa no evento.

À Lusa, Fernando Galrito explicou que haverá uma festa de abertura para cerca de 500 convidados, entre produtores, distribuidores, vendedores de todo o mundo, para contactarem e conhecerem profissionais portugueses.

Estão previstas sete sessões de cinema exclusivamente para a produção nacional, e que farão uma retrospetiva do que é o cinema português de animação – que em 2023 celebrou um centenário de existência.

No mercado profissional – o MIFA – haverá espaço para apresentação a profissionais de cinco projetos portugueses ainda em produção, sejam curtas ou longas-metragens; e no festival três profissionais vão fazer parte do comité de júris.

Tudo isto é no âmbito da programação enquanto país convidado, porque nas secções competitivas do festival de Annecy há ainda a possibilidade de filmes portugueses serem selecionados e exibidos.

Segundo Fernando Galrito, a presença do cinema português em Annecy contará com apoio oficial do Ministério da Cultura, do Instituto do Cinema e Audiovisual e da Agência para a Competitividade e Inovação (IAPMEI).

Será ainda produzido um catálogo, com o apoio da Casa da Animação, para “historiar e apresentar o que é o futuro do cinema de animação em Portugal” e para Annecy seguirá uma comitiva de profissionais portugueses.

Na história do festival, que remonta aos anos 1960, Portugal nunca foi país convidado, mas o cinema português conta com uma presença regular nos últimos anos e alguns prémios.

A realizadora Regina Pessoa venceu o grande prémio do festival em 2006 com a curta-metragem “História Trágica com Final Feliz” e o prémio do júri em 2019 com “Tio Tomás – A Contabilidade dos Dias”.

Fernando Galrito lembrou ainda um momento raro do cinema português em que Annecy estreou, em 2022, duas longas-metragens de animação, com “Nayola”, de José Miguel Ribeiro, e “Os demónios do meu avô”, de Nuno Beato.

Este ano, mesmo que todos os filmes e profissionais não possam estar presentes em Annecy, porque terão de ser feitas escolhas, Fernando Galrito acredita que o cinema português vai ganhar com a presença no festival.

A escolha de Portugal como país convidado – que sucede ao México em 2023 – acontece um ano depois de conquistas e celebrações para a animação portuguesa.

Além da nomeação inédita da curta-metragem “Ice Merchants”, de João Gonzalez, para os Óscares, 2023 foi ainda um ano excecional, porque ao circuito comercial chegaram três longas-metragens portuguesas de animação e uma com coprodução nacional.

Foram elas “Nayola”, “Os demónios do meu avô”, “O natal do Bruno Aleixo”, de Pedro Santo e João Moreira e “Interdito a cães e italianos”, de Alain Ughetto.

Em 2023 também se assinalaram os cem anos do aparecimento do cinema de animação em Portugal. A data é contada a partir da estreia, a 25 de janeiro de 1923 no Éden-Teatro, em Lisboa, de “O pesadelo de António Maria”, um pequeno filme animado, do caricaturista Joaquim Guerreiro, numa sátira ao político António Maria Silva, da Primeira República.

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