Sei que ao escrever este artigo mexo com sentimentos por vezes de orgulho que são difíceis de acatar por necessitar de uma dose de humildade de cada um de nós e que por muitas vezes o nosso sentimento de pertença e de “bairrismo” a uma terra não permite ultrapassar porque nos toca directamente no coração.
Não sou politicamente correto nem me interessa sê-lo, se presenciar silenciosamente a descriminações e preconceitos que se passam de forma subliminar numa anedota preconceituosa contada a uma criança, numa reacção no futebol ou no batismo de certos bairros sociais perto de onde moro e que magoam os meus concidadãos. Nestes casos e noutros, não me calo, nem me calarei…
No entanto ao falar de descriminação, estigmas e mesmo em alguns casos de racismo, cada agente político terá que fazer o seu papel em cada terra onde vive e onde vive a Liberdade, não fechando os olhos a todas as formas de preconceitos, fingindo que as minorias não são descriminadas e estigmatizadas e que tudo é cor-de-rosa …
Nascer num bairro, numa cidade com um nome que classifica um determinado cidadão só porque nasceu num bairro apelidado como “jagunços” ou “planeta dos macacos” é algo que deveria incomodar cada um de nós e que deveria incomodar quem tem responsabilidades na organização da nossa cidadania.
Se no nosso quotidiano tivermos o cuidado de ignorar comentários ou piadas discriminatórias subliminares, passarmos a ser mais racionais em questões de sentimentos desportivos bairristas assolapados e que facilmente descambam e chamarmos os locais pelos nomes respectivos ex: “Bairro da Nossa Senhora da Conceição”, estaremos a contribuir para a felicidade de uma comunidade que ultrapassou tempos de outrora em que o preconceito era vigente e que lutou com nobreza por princípios de Liberdade conquistando com o 25 de Abril valores de igualdade e fraternidade.
Estas atitudes quotidianas de cada um de nós valem muito mais do que grandes letreiros ou faixas em praças públicas que toda a gente lê mas que não mudam a realidade.
As pequenas atitudes do nosso dia-a-dia que evitam descriminações, essas sim, valem ouro, valem a mudança de mentalidades e a integração de todos os que são diferentes mas iguais a nós, com paz e harmonia, sem descriminar, sem magoar ninguém…