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Estudo europeu analisa abelhas portuguesas

Apiários de Lousã e Idanha-a-Nova são visitados na quarta-feira por cientistas de vários países, no âmbito de uma investigação que visa criar um modelo de avaliação de risco para as colónias de abelhas melíferas na Europa.

Trata-se de uma iniciativa da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA, sigla em inglês), que inclui a realização de trabalhos de campo durante dois anos, em Portugal e na Dinamarca.

“Já era tempo de termos uma abordagem integrada e holística dos principais fatores de stress das colónias de abelhas”, na União Europeia, disse à agência Lusa José Paulo Sousa, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e um dos responsáveis do projeto.

Os trabalhos irão culminar, em 2021, na criação de uma plataforma digital em várias línguas, depois de o modelo inovador de avaliação ter sido validado pelas equipas de investigação portuguesa e dinamarquesa, em colaboração com especialistas de outros países e da própria EFSA.

Denominado ApisRAM, esse modelo, segundo José Paulo Sousa, “acaba por se tornar quase numa ferramenta de gestão do território” quanto ao comportamento das colónias de abelhas face a diferentes fatores de risco, designadamente uso de pesticidas, práticas agrícolas, mudanças na paisagem natural devido aos incêndios e ao avanço de espécies invasoras e exóticas, como mimosas e eucaliptos, proliferação da vespa asiática e alterações climáticas, entre outros.

Os investigadores envolvidos no projeto são oriundos de Portugal, Dinamarca, França, Irlanda, Itália e Portugal, a que se junta um especialista do Brasil que está a trabalhar, durante um ano, no Departamento de Ciências da Vida da FCTUC.

Em Portugal, uma das principais ameaças para as abelhas e produção de mel “é a falta de recursos” que são a base alimentar destes insetos, sobretudo flores de espécies variadas, afirmou José Paulo Sousa.

Na região Centro, “a mortalidade por falta de recursos é elevada”, uma tendência que tem vindo a agravar-se com a multiplicação dos ataques da vespa asiática.

Os trabalhos de campo começam em março e incluem a “monitorização das colmeias uma vez por mês”, sendo ao mesmo tempo avaliados os recursos existentes, em territórios nos municípios de Lousã e Idanha-a-Nova, nos distritos de Coimbra e Castelo Branco, respetivamente.

Em cada uma das duas “janelas” quadrangulares, com lados de 10 quilómetros, serão colocadas 10 colmeias, num total de 20.

O funcionamento das colónias é monitorizado com auxílio de pequenas câmaras de filmar colocadas nas colmeias, explicou o professor da Universidade de Coimbra.

O projeto conta com a colaboração da Cooperativa Lousãmel, responsável pela gestão da denominação de origem protegida (DOP) Serra da Lousã, e com apicultores da zona de Idanha-a-Nova.

Para minimizar a falta de recursos, importa “manter áreas seminaturais em volta dos campos agrícolas”, com a sementeira de diversas espécies melíferas, defendeu José Paulo Sousa.

Para a Serra da Lousã, onde a produção de mel DOP, à base de urzes diversas, tem registado quebras acentuadas nos últimos anos, recomenda “uma gestão florestal adequada” que assegure a preservação das manchas florais mais características desse bem alimentar.

“Se gerirmos com bom senso, tudo é possível”, recomendou o especialista.

Até quinta-feira, 15 investigadores, dos quais oito são de Coimbra, participam num encontro no Departamento de Química da FCTUC, que inclui visitas de campo na quarta-feira.

Colabora também no projeto o Ministério da Agricultura, através do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP) e da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).

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