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Estradas portuguesas cada vez mais fatais

© Luís Vieira Cruz / BOM DIA

Quase 18.000 acidentes rodoviários, que provocaram 220 vítimas mortais e 1.257 feridos graves, foram registados nos primeiros seis meses do ano, uma tendência de aumento que se verifica desde 2014, revela a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).

O relatório de sinistralidade a 24 horas e fiscalização rodoviária de junho de 2024, hoje divulgado pela ANSR, dá conta que no primeiro semestre foram registados 17.900 acidentes com vítimas, 220 vítimas mortais, 1.257 feridos graves e 20.795 feridos ligeiros em Portugal.

No documento a ANSR destaca os números dos desastres ocorridos apenas no Continente, onde se registaram 17.154 acidentes, dos quais resultaram 214 mortos, 1.184 feridos graves e 19.967 feridos ligeiros entre janeiro e junho.

“Comparando com o período homólogo de 2014, a tendência crescente foi visível nos acidentes, registaram-se mais 3.107 (22,1%), mais sete vítimas mortais (3,4%), mais 224 feridos graves (26%) e mais 3.175 feridos ligeiros (8,9%), apesar de se ter verificado uma diminuição no índice de gravidade”, precisa a ANSR.

O relatório indica também que, face aos primeiros seis meses do ano passado, verificaram-se, entre janeiro e junho, menos 19 vítimas mortais (-8,2%), e uma diminuição do índice de gravidade, no entanto registaram-se mais 571 acidentes (+3,4%), mais 56 feridos graves (+5,0%) e mais 692 feridos ligeiros (+3,6%), apesar do aumento na circulação rodoviária.

A ANSR faz também uma comparação com 2019, ano de referência para monitorização das metas de redução do número de mortos e de feridos graves até 2030 fixadas pela Comissão Europeia e por Portugal, tendo-se registou-se uma diminuição dos mortos e dos feridos leves, com menos 12 e 119 respetivamente. Por outro lado, observou-se um aumento nos feridos graves e nos acidentes, com mais 136 feridos graves (13,0%) e mais 486 desastres (2,9%).

O documento indica também que a colisão representou, no primeiro semestre, os desastres mais frequente, correspondendo a 52,9% dos acidentes, 41,1% das vítimas mortais e 45,8% dos feridos graves, enquanto os despistes, que representaram 33,4% do total de acidentes, foram responsáveis por 43,5% dos mortos.

A ANSR destaca que a subida no número de atropelamentos com vítimas nos primeiros seis meses do ano, num total de 2.350, que aumentaram 5,8% em relação ao mesmo período de 2023. Este aumento refletiu numa subida de 3,1% das vitimas mortais e de 24,2% dos feridos graves. No total, morreram 33 pessoas atropeladas e 200 ficaram gravemente feridas entre janeiro e junho.

De acordo com o relatório, nos primeiros seis meses o número de vítimas mortais dentro das localidades (124) foi superior ao verificado fora das localidades (90), que aumentaram 9,7% face a 2023.

A maioria dos acidentes ocorreu, até junho, em arruamentos, seguido de estradas nacionais e autoestradas.

O relatório refere igualmente que cerca de 72% das vítimas mortais corresponderam a condutores, enquanto 15,4% eram peões e 11,7% passageiros.

Em relação à categoria de veículo interveniente nos acidentes, os automóveis ligeiros corresponderam a 71,5% do total, tendo-se registado um aumento de 4% relativamente a igual período de 2023, bem como “subidas significativas” nos velocípedes e nos motociclos.

A ANSR indica mais de metade das vítimas se deslocava num veículo ligeiro, enquanto 21,4% circulava em motociclos e 7,3% em velocípedes.

Nos primeiros seis meses do ano, metade do número de vítimas mortais registou-se na rede rodoviária sob a responsabilidade das Infraestruturas de Portugal (37,9%), Brisa (3,7%), Ascendi (2,8%), Município das Caldas da Rainha (2,3%) e a Concessão Oeste e Municípios de Lisboa e Viseu (1,9%, cada).

A ANSR frisa ainda que, entre janeiro e junho, verificou-se um aumento no número de acidentes em 14 dos 18 distritos, com maior expressão em Évora (+23,2%), Guarda (+17,5%) e Viana do Castelo (+16,0%), enquanto as vítimas mortais registaram aumentos em oito distritos, com as maiores subidas em Lisboa e Évora.

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