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Estações de esqui da Europa em risco devido ao aquecimento global

© Pietro Da Grande / Unsplash

Mesmo que se cumpra a meta do Tratado de Paris de manter o aumento da temperatura do planeta abaixo dos 1,5 graus, um terço dos resorts europeus ficarão altamente vulneráveis à escassez de neve.

As alterações climáticas estão a comprometer o regresso da neve no Inverno, ameaçando o futuro das estações de esqui na Europa. Um estudo publicado pela revista Nature Climate Change, na passada segunda-feira, avalia o risco de cobertura de neve em mais de 2.200 resorts, com base em cenários de aumento de temperatura.

Neste estudo feito pelo Instituto Nacional Francês de Pesquisa para Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente (INRAE) em conjunto com a Météo-France, são analisadas as consequências do aumento do aquecimento global até 4°C em comparação com o período pré-industrial para a região das montanhas da Europa.

“O nosso objetivo com este estudo de modelação espacial e climática – o primeiro a esta escala – é tirar o calor do debate, indo além das reações caricaturadas numa abordagem de transição para outro modelo económico, mas não com uma perspetiva disruptiva”, explica o especialista em planeamento regional, Hugues François do INRAE, Universidade Grenoble Alpes. 

O estudo não estabelece um cronograma, sendo este difícil de apurar, mas qualquer que seja o cenário, é a “velocidade de recuo” da camada de neve que preocupa.

Com um aquecimento de 1,5°C, 32% das 2.234 estâncias de esqui da Europa enfrentarão um “risco muito elevado” de escassez de neve. A ideia do tratado de Paris é manter o aumento da temperatura do planeta abaixo dos 2ºC, em comparação com a temperatura média da era pré-industrial. 

Os investigadores basearam esta ideia em 20% dos anos mais desfavoráveis para a neve natural compactada, durante o período de referência 1961-1990. Com um aquecimento global de 2°C, 53% dos resorts estariam na mesma situação de “risco muito elevado, sendo que, com o aumento de 3ºC, esta percentagem passaria a 91%. Com um aumento de 4ºC, as estações de ski poderiam mesmo correr o risco de deixar de existir, com 98% das mesmas a ficar em alto risco.

Neste limiar de temperatura mais baixo, as estações de esqui em altitudes e latitudes mais elevadas, como nos países nórdicos e nos Alpes franceses, suíços e austríacos, podem reduzir estas dificuldades através da produção de neve artificial. Porém, com uma taxa de cobertura de 75%, o risco ainda seria de 57% dos resorts para 3°C, ou de 74% para 4°C.

Para além disso, “a produção de neve envolve investimentos e custos operacionais que expõem os resorts ao risco de fracasso económico”, explica o principal autor do estudo, Hughes François. Mesmo em lugares onde a neve artificial pode ser produzida a um preço suficientemente baixo para manter um resort aberto e gerar lucro, o estudo demonstra que esta produção acaba por contribuir para um círculo vicioso ao aumentar o aquecimento global devido às suas necessidades energéticas.

Os dados trabalhados abrangem 28 países e têm em consideração a frequência de invernos com pouca neve, bem como a altitude e a exposição das encostas. Em França, por exemplo, os modelos mostram uma clara queda na cobertura de neve em altitudes de cerca de 1.400 metros, sugerindo um futuro muito diferente para destinos de meia montanha e grandes resorts de alta altitude.

Metade das estações de esqui do mundo estão na Europa, onde esta indústria gera cerca de 30 mil milhões de euros por ano, desempenhando um papel fundamental na sustentabilidade das economias locais. 

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