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Esta banda luso-canadiana já tem 50 anos

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As novas gerações de lusodescendentes vão dando continuidade à Banda Lira de Fátima, em Winnipeg, no centro do Canadá, com o grupo filarmónico a celebrar o seu cinquentenário. 

A banda composta por voluntários de origem portuguesa assinalou no sábado o seu 50.º aniversário, num jantar na Associação Portuguesa de Manitoba que reuniu quase meio milhar de convidados e amigos.

“Nós vivemos da saudade e desta forma nasceu a filarmónica para manter as tradições vivas. São 50 anos a servir a comunidade, quer em festas religiosas, culturais, cerimónias, eventos da comunidade, para manter as tradições”, disse à Lusa Maria Dias Carreira, maestrina da banda há 24 anos. 

Não são muitas associações a celebrarem este marco pelo que a “unidade” verificada no grupo “é muito importante” com o apoio da comunidade e dos músicos e elementos da banda.

A flautista Kaila Dias, 15 anos de idade e na banda há seis anos, diz que ingressou no grupo porque “é uma tradição entre os lusodescendentes”.

“É algo especial fazer parte da banda, ligar-me à cultura portuguesa, muito importante, especialmente aqui em Winnipeg. É como se fossemos uma família enorme”, sublinhou.  

João Melo, de 74 anos, músico e contramestre há 48 anos na banda, mostrou-se muito orgulhoso pelo trabalho que a banda “tem feito”, mostrando-se esperançado no “contributo dos jovens para que a banda continue em atividade por mais 50 anos”.

“Temos cerca de 20 jovens na banda. O meu tempo na filarmónica está a acabar, mas gostava que (a banda) continuasse por mais 50 anos ou mais. Que a juventude adira mais, porque ao estarem na banda estão ocupados e não vão para os maus caminhos”, disse.

“A música pode ser também uma boa forma de educar os jovens”, adiantou. 

O cônsul honorário de Portugal em Winnipeg, Paulo Jorge Cabral, destacou a “formação musical dos jovens lusodescendentes” num momento histórico para o grupo.

“São 50 anos de história recheados com muita cultura, com a formação musical de tantos jovens, com a participação de tantos homens e mulheres que ao longo destes anos passaram pela filarmónica. Tem sido uma referência na comunidade portuguesa de Winnipeg”, realçou.

Mas a maestrina Maria Dias Carreira lança o alerta de que é preciso “estar de olho aberto” no recrutamento de mais elementos jovens, visto que os números de imigração “atualmente são muito baixos”.

A banda conta com 30 elementos, cerca de 80% são jovens. O elemento mais novo tem nove anos e o mais velho 78 anos. 

A Banda Lira de Fátima foi criada após a realização de uma procissão em Winnipeg em 1972, quando a comunidade local decidiu criar o grupo, em homenagem a Nossa senhora de Fátima.

No dia 13 de outubro de 1973, a banda atuou pela primeira vez, na igreja do Sagrado Coração, e até hoje já participou em mais de mil espetáculos ao longo de 50 anos de história, com mais de 15 atuações todos os anos, com um orçamento de 15 a 20 mil dólares canadianos (10 a 14 mil euros), que são angariados dentro da comunidade portuguesa e junto de organizações canadianas. 

“Temos agora o sonho de um dia atuarmos nos Açores, ou em Portugal continental. Falta-nos isso”, concluiu Maria Dias Carreira. 

Em Winnipeg, capital da província canadiana de Manitoba, residem cerca de 20.000 portugueses e lusodescendentes.

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