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Esperança para a comunidade portuguesa na Venezuela?

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O deputado social-democrata no parlamento da Madeira Carlos Fernandes considera que a Venezuela regista atualmente uma “melhoria económica”, o que dá oportunidade à comunidade portuguesa para reativar os negócios no país, de onde foi forçado a sair em 2017. 

“Num país que estava tão mal, qualquer balão de oxigénio é importante e temos agora uma melhoria económica, é um facto, o que também dá oportunidade às pessoas da nossa comunidade para que possam reativar os seus negócios”, disse à agência Lusa, a propósito dos dez anos de governo de Nicolas Maduro, que venceu as eleições presidenciais em 14 de abril de 2013.

Carlos Fernandes nasceu na Venezuela há 32 anos, filho de pais madeirenses, e fixou-se na região autónoma há seis anos, altura em que saiu do país devido à instabilidade socioeconómica e política.

No entanto, alertou que “a Venezuela não melhorou, mesmo que agora sinta algum impacto económico positivo”, considerando que persistem graves problemas, sobretudo ao nível da segurança.

A governação de Nicolas Maduro gerou uma grande instabilidade no país, que acolhe uma das maiores comunidades portuguesas, e obrigou milhares de emigrantes a regressar a Portugal, particularmente entre 2016 e 2017, ano em que Carlos Fernandes chegou à Madeira.

Os dados oficiais revelam que cerca de 10 mil pessoas provenientes da Venezuela se registaram no Serviço Regional de Saúde após 2015, mas é provável que no total tenham regressado mais de 12 mil emigrantes e lusodescendentes ao arquipélago. 

“A razão é simples: tínhamos cá raízes, tínhamos cá alguns familiares, e muitos tinham casa, seja dos avós, seja dos pais”, explicou, sublinhando que “era natural que a Madeira fosse um destino apetecível”, porque “era também a nossa terra”. 

Formado em Direito na Venezuela e com experiência em política no país, onde trabalhou no governo do Estado de Miranda, participou em vários processos eleitorais e foi candidato a vereador em 2013 pelo partido de Henrique Capriles, o candidato derrotado na eleição presidencial desse ano, Carlos Fernandes afirma que a Madeira “soube acolher bem” os emigrantes. 

“Quando cheguei fui trabalhar para um bar, onde fui bem acolhido, e depois trabalhei numa padaria e fui bem acolhido, e trabalhei numa geladaria e fui bem acolhido”, conta, sublinhado que o processo de integração foi importante para o seu crescimento pessoal. 

Em 2019, Carlos Fernandes integrou a lista de candidatos do PSD/Madeira, partido que governa a região em coligação com o CDS-PP, e foi eleito deputado à Assembleia Legislativa, cargo que mantém atualmente. 

“Há muitas pessoas como eu, que hoje trabalham na hotelaria, na restauração, e fazem-no com vontade, com amor, com carinho”, disse, para logo acrescentar: “Não é o que nós queremos, não foi para isso que estudámos, mas foi o que nos tocou e, graças a Deus, estamos num sítio tranquilo, estamos seguros.”

“Acho que no geral [o acolhimento] foi bom”, reforçou, para logo destacar o apoio dado pelo Governo madeirense também na integração dos filhos dos emigrantes nas escolas, com o sistema de educação a acolher, num curto período, mais de 2.200 jovens e a promover aulas extraordinárias de português para ultrapassar a barreira linguística. 

Carlos Fernandes lembra, no entanto, que persistem dificuldades ao nível da equiparação de habilitações, nomeadamente na carreira médica.

“Não é a abundância que tínhamos na Venezuela, mas também temos coisas que na Venezuela não tínhamos, temos segurança, temos um sistema de educação gratuito, um sistema de saúde gratuito, e isso faz muita diferença no fim do dia quando colocamos tudo numa balança”, disse.

Apesar da melhoria económica na Venezuela, a segurança é, agora, uma condição determinante na avaliação do regresso ao país, onde, diz Carlos Fernandes, uma parte grande parte da população permanece na miséria. 

“Continua a ser um país muito inseguro para as pessoas voltarem, mas é óbvio que o sentimento que temos no coração e na cabeça é algum dia poder voltar à Venezuela”, sublinhou. 

Em 15 de abril de 2013, o Presidente interino da Venezuela, Nicolas Maduro, foi declarado vencedor da eleição presidencial, apesar de o candidato derrotado, Henrique Capriles, exigir uma recontagem dos votos.

O presidente do Conselho Eleitoral Nacional (CNE), Tibisay Lucena, entregou os resultados certificados a Maduro, depois o proclamar “Presidente eleito da Venezuela”, na sequência de umas eleições disputadas com Capriles.

Maduro obteve 50,66% dos votos, contra 49,07% de Capriles, sendo que participaram 78,71% dos 19 milhões de eleitores inscritos.

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