A Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) considerou que seria “vantajoso” o regresso do uso obrigatório de máscara em determinados espaços, face ao aumento da procura de cuidados de saúde por pessoas com sintomas respiratórios.
“Considero que seria vantajoso, nesta fase, implementar já o uso de máscara obrigatório” em locais de grande aglomeração de pessoas, farmácias e transportes públicos, adiantou à Lusa o presidente da ANMSP.
Gustavo Tato Borges referiu que os indicadores da covid-19 de maior gravidade – mortalidade e internamentos hospitalares – estão em “valores perfeitamente controlados”, o que faz com que o Governo tenha “legitimidade para manter a situação como está”, sem adotar medidas para controlar os contágios.
Alertou, porém, que se está a verificar, além das urgências hospitalares, um aumento de procura das consultas abertas e das consultas de atendimento urgente nos centros de saúde por parte de “pessoas que têm efetivamente sintomas” de doença respiratória.
Após a reunião de hoje sobre a situação epidemiológica em Portugal, que juntou especialistas e políticos no Infarmed, o ministro da Saúde afastou a necessidade de voltar a implementar medidas obrigatórias de mitigação da pandemia de covid-19, considerando que é tempo de “virar a página”, mas reforçou o apelo à vacinação.
“Se o Governo pretendia ter algum impacto precoce na pandemia, seria ideal ter implementado agora o uso obrigatório de máscaras”, sublinhou Gustavo Tato Borges, ao adiantar que o aumento da afluência aos centros de saúde é maioritariamente de adultos, mas também de crianças.
Segundo disse, trata-se de casos de síndrome respiratória viral, sem confirmação de despiste do vírus, uma situação que está a levar a um “aumento da sobrecarga de atendimento dos profissionais de saúde”.
“Os cuidados de saúde primários estão a reorganizar a sua escala de atendimento, de maneira a ter mais médicos para atender aos fins de semana e aos feriados”, adiantou o responsável da ANMSP.
Além disso, os médicos dos cuidados primários estão a “alterar a maneira como está ordenada a sua consulta”, reduzindo as consultas programas e regulares que “podem esperar mais uma ou duas semanas e aumentando a consulta aberta para atender mais pessoas”, avançou.