“Em França eu era a portuguesa e em Portugal eu era a emigrante”
Ana Ferreira, adjunta do Gabinete do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, enfatizou durante a conferência Portugal+ Londres, no passado fim de semana, que é necessário trabalhar no acolhimento dos jovens que regressam a Portugal, seja para estudar ou trabalhar.
Na sua intervenção, a última da conferência, Ana Ferreira começou por referir que “houve pequenas insinuações de que o poder político não conhece as suas comunidades”, o que a entristeceu.
Ana Ferreira relembrou que as comunidades têm uma adjunta lusodescendente, que foi conselheira do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) em 2003. Nesse período, debateu temas como a integração de jovens e não jovens com dupla nacionalidade nas listas eleitorais, algo que hoje é possível, mas que não era na altura. Além disso, vários temas debatidos naquela época, recorrentes hoje em dia, já foram resolvidos pelo atual secretário de estado.
A adjunta aproveitou a oportunidade para parabenizar os “postos por manterem as permanências consulares, criadas por José Cesário. Atualmente, os consulados vão ao encontro das comunidades graças a ele e ao corpo diplomático, que os mantém, dinamiza e reforça”.
Ao longo do discurso, Ana Ferreira, também ela lusodescendente, confessou que se sentiu emigrante duas vezes: “Em França, eu era a portuguesa, e em Portugal, eu era a emigrante”. Relatou a sua dificuldade em compreender português, já que o seu era o da escola portuguesa de Lyon, onde os seus pais eram emigrantes, o que gerava uma disparidade na universidade. Acrescentou que “gastava muito da mensalidade que o pai lhe dava em bilhetes de avião para regressar, mas acabava por ficar sempre”.
“Há um trabalho a fazer no acolhimento dos nossos jovens quando regressam a Portugal, não só para estudar, mas para trabalhar”, reiterou Ana Ferreira. Destacou ainda que é a primeira vez que o governo tem uma Ministra da Juventude e da Modernização que se dirige aos jovens portugueses no exterior, dizendo-lhes “Portugal está aqui”, o que é muito importante para quem emigra sentir que há um governo que pensa nele, seja jovem ou não.
Ana Ferreira afirmou que os testemunhos ouvidos durante a conferência devem orgulhar os portugueses, pois “Portugal já não é só o Portugal da Amália, do Eusébio ou do Cristiano Ronaldo; Portugal somos todos nós”.
“Todos os dias, há um gabinete de anónimos que trabalha para melhorar a vida dos emigrantes e para que possam sentir que Portugal está longe, mas muito perto. Há o Consulado, a Embaixada, o CCP e o associativismo, que deve ser valorizado”, reiterou.
“Contem connosco porque nós temos a certeza absoluta de que podemos contar convosco”, finalizou Ana Ferreira o seu discurso.