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Élisabeth Moreno: cultivem esta língua que herdaram dos pais

A embaixada de Portugal em França promoveu hoje um almoço entre todos os embaixadores dos países lusófonos, onde não faltou também Élisabeth Moreno, ministra francesa da Igualdade, e Jean-Christophe Rufin, membro da Academia Francesa.

“O português, com a explosão demográfica dos países africanos, vai tornar-se numa das línguas mais faladas do mundo. Encorajo os portugueses e os franceses de origem portuguesa a cultivarem esta língua que têm a sorte de terem herdado dos seus pais”, afirmou a ministra Élisabeth Moreno, nascida em Cabo Verde, em declarações à Lusa após o almoço com os embaixadores lusófonos.

Sem a possibilidade de uma grande celebração devido à situação pandémica em França, os embaixadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) reuniram-se hoje na embaixada de Portugal em Paris para “uma reunião de família” de forma a assinalar o Dia Mundial da Língua Portuguesa, proclamado em novembro de 2019 na capital francesa.

“É sempre muito importante reforçar os pilares da nossa relação, de profunda amizade que é baseada em valores de história, cultura e que estão incorporados na língua portuguesa. É um encontro de família para falar de coisas suas, coisas comuns”, descreveu Hércules Cruz, embaixador de Cabo Verde.

Para quem se juntou à família, como o médico, escritor e diplomata Jean-Christophe Rufin, que aprendeu português no Brasil, este é um clã muito diferente da francofonia.

“A lusofonia é uma coisa muito diferente da francofonia. A francofonia é um instrumento enorme, com muitos membros em todo o mundo. A lusofonia é uma família, onde não há um centro, mas uma relação de prazer no encontro e de partilhar uma língua, tradições e valores”, descreveu o membro da Academia Francesa.

No entanto, e mesmo tendo em conta esta informalidade, Rufin considerou que é preciso encontrar uma estrutura de forma a unir todos os falantes da língua de Camões.

“É uma língua que não tem uma organização da sua presença, como o inglês tem o British Council. É preciso encontrar um lugar onde os falantes de português possam viver essa paixão da língua juntos”, advogou.

Esse era o projeto do Brasil, com o Instituto Guimarães Rosa, que deveria avançar em 2020, mas com a pandemia esse projeto foi adiado.

“O mundo tem muito a aprender com a nossa comunidade […] Este projeto irá para a frente seguramente porque é do nosso interesse”, declarou o embaixador brasileiro, Luís Fernando Serra.

Mas se a língua portuguesa é sinónimo de união externa, também internamente tem servido a muitos países para manter a coesão nacional.

“A língua portuguesa para Moçambique tem uma dimensão diferente que em Portugal, enquanto que em Portugal a língua portuguesa é apenas um meio de comunicação, para nós é um meio de unidade nacional. É a única língua que consegue juntar todos os moçambicanos para comunicarmos na mesma língua”, declarou Alberto Augusto, embaixador moçambicano em França.

Uma força baseada na língua que também se deve mostrar em França, onde reside uma numerosa comunidade lusófona.

“Temos vindo a despertar os franceses, porque uma boa parte da população francesa fala português e é bom que os franceses tenham consciência que o francês não é a única língua em França”, declarou João Bernardo de Miranda, embaixador de Angola em França.

O objetivo é agora atrair mais pessoas para esta comunidade, pessoas não só com origens lusófonas, mas também todos os interessados em aprender mais sobre o português.

“A comunidade lusófona não são só aqueles que nasceram em determinados países, mas os ‘clusters’ onde se fala português no mundo inteiro”, reiterou Jorge Torres Pereira, embaixador de Portugal em França e anfitrião do evento.

A próxima data festiva na embaixada de Portugal em França será agora a comemoração do 10 de junho, que devido às regras sanitárias em vigor, deverá ser adiada para 30 de junho, altura em que a embaixada vai reabrir portas às tradicionais atividades que marcam o calendário da divulgação de Portugal em Paris.

 

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