De que está à procura ?

Mundo

Economista vê relação entre Portugal e PALOP em queda

© DR

A economista Alexandra Ferreira-Lopes adiantou à agência Lusa que a relação económica entre Portugal e os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) tem vindo a perder importância devido à predominância económica da Europa.

“A relação económica entre Portugal e os PALOP ainda é importante, mas foi perdendo importância ao longo do tempo, à semelhança do que tem, aliás, acontecido com todos os outros parceiros comerciais portugueses fora da Europa”, disse a economista em declarações à Lusa a propósito da relação comercial entre Portugal e as antigas colónias, 50 anos depois da revolução de 25 de Abril de 1974. 

“A maior parte do nosso comércio internacional é intracomunitário, por isso não só os PALOP, mas também as outras economias com que tínhamos laços comerciais foram perdendo importância, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido, que apesar de relevantes, são menos predominantes, tendo aparecido nas últimas décadas um outro parceiro principal, a Espanha”, apontou a economista do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, especialista em macroeconomia aberta e ciclos económicos.

A balança comercial entre Portugal e os PALOP tem sido sempre positiva ao país europeu desde 1976, com algumas pequenas exceções, como aconteceu no ano de 1979, em que o saldo das exportações e importações foi positivo para Moçambique, algo que nunca voltou a acontecer desde então.

De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), as trocas comerciais com todos os PALOP desde 1977 são sempre positivas para Portugal, numa relação em que Angola é predominante, havendo vários anos em que as exportações para Angola representam um valor igual ou superior à soma das vendas de Portugal a todos os outros PALOP.

“Mesmo perdendo a importância no contexto geral, Angola e Moçambique ainda têm alguma relação e peso na relação comercial com Portugal; principalmente Angola, pelos bens energéticos e alimentares, mas também Moçambique, pelos bens alimentares” que vendem a Portugal, acrescentou Alexandra Ferreira-Lopes, notando que os PALOP seguem a tendência de todos os parceiros comerciais fora do espaço da zona euro, que é diminuir a sua importância.

Questionada sobre a importância dos ciclos políticos para as trocas comerciais e para a relação económica entre Portugal e os países lusófonos africanos, a economista argumentou que é a economia que tem primazia sobre a política, e não o contrário.

“As relações económicas mantêm-se imunes aos ciclos políticos, o que é um caso absolutamente curioso, porque noutros processos de descolonização de países europeus há um afastamento e desconfiança, e no caso português não é tanto o ciclo político que marca as relações comerciais, embora influencie um pouco, mas sim o ciclo económicos dos PALOP, e a língua, que ajuda imenso a essa proximidade”, disse a economista, concluindo que os operadores empresariais “tendem a mexer-se com alguma facilidade nesses países”, desvalorizando as relações a nível político.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA