
Foi há 83 anos que a VoA – Voice of America (Voz da América) começou a transmitir. O campo inicial era a guerra da informação no cenário da Segunda Grande Guerra. Fazer chegar a mensagem ao lado de lá da linha da frente.
Operada pelo gabinete de informação de.guerra, acabou por ser, em 1953 e após passagem pelo departamento de estado, colocada sob a alçada da recém-criada Agência para a Informação – organismo encarregue da propaganda dos EUA – tendo-se-lhe mais tarde juntado o gabinete para assuntos de educação e cultura. Pequeno desvio aqui para dar nota de que, no quadro do Plano Marshall, como contrapartida pela anulação duma divida francesa da primeira grande guerra, os EUA pediram “tão só” que nunca houvesse quotas nos cinemas franceses para as produções de Hollywood.
“O governo dos Estados Unidos administrava uma organização de relações públicas de serviço completo, a maior do mundo, com um tamanho equivalente ao das vinte maiores empresas comerciais de relações públicas dos EUA combinadas. Seu quadro profissional em tempo integral, composto por mais de 10.000 funcionários espalhados por cerca de 150 países, promovia a imagem dos EUA e atacava a União Soviética durante 2.500 horas por semana com uma “torre de babel” composta por mais de 70 idiomas, ao custo de mais de 2 bilhões de dólares por ano.” Escreveu nas suas memórias um antigo director da USIA – United States Information Agency, criada em 1982, incorporando a VoA. O USIA era “o maior ramo desta máquina de propaganda.”
Paralelamente, sob a alçada da CIA, surgia a Radio Free Europe (Rádio Europa Livre). Curiosamente os seus emissores estavam localizados em Glória do Ribatejo. Se a VoA ainda poderia dissimular “ao que vinha”, a dependência administrativa da RFE dos serviços secretos americanos, deixava poucas dúvidas.
Acabaram as duas, entros muitos mais órgãos (a VoA tem mais de 50 dependências), sob a alçada do Congresso dos EUA, na dependência a USAGM – United States Agency for Global Media.
E é precisamente sobre o fecho da USAGM que nos chegam hoje notícias.
A VoA e a RFE, órgãos fundamentais da propaganda norte americana, irão fechar.
É o fim de uma era.
Mário Lobo