Dias Fernandes: Os emigrantes não podem ser só uma mais-valia financeira
José Dias Fernandes, deputado do Chega eleito pelo círculo da Europa nas últimas legislativas, defendeu este fim de semana a tese de que as comunidades portuguesas continuam esquecidas por parte do Governo central português, acusando-o de apenas olhar para a diáspora como “uma mais-valia financeira”.
Durante a sua intervenção na conferência Portugal+ Londres, promovida pelo jornal BOM DIA, Dias Fernandes mostrou-se crítico em relação à forma como “Lisboa olha para os emigrantes”, acusando os sucessivos governos PS e PSD de “discriminar” a diáspora, e questionou: “Porque nem todos os emigrantes podem votar? Porque os nossos filhos não têm direito ao ensino? Porque existe dupla tributação? Porque é que a livre circulação de bens não é aplicada aos emigrantes? Porque não há justiça fiscal para os emigrantes, que são perseguidos pelo Estado e pelas autarquias locais?”.
Para o governante, estas problemáticas surgem porque “quem tem representado a diáspora não é emigrante nem nunca teve um familiar direto emigrado”.
Outro dos focos de Dias Fernandes foi a elevada taxa de votos anulados nas últimas eleições legislativas.
“Foram anulados 122.327 votos (Ver nota de redação no final do artigo) e isso é incompreensível. São 37% do eleitorado da diáspora que votou, e isto é um descrédito total da Democracia e do tão falado 25 de Abril. Isto só pode indignar as comunidades e a todos nós, incluindo os deputados dos círculos da emigração”, frisou.
Para o governante, “quase se pode dizer que as comunidades portuguesas sofrem de uma segregação racial como na África do Sul do tempo de Mandela”, forte afirmação que justificou de seguida: “Somos aqueles que em Portugal pagamos taxa de lixo todo o ano quando só lá estamos uma vez, pagamos IMI mas não temos direito de votar no presidente da Câmara ou Junta de Freguesia, estamos numa Europa livre mas não podemos ter um carro com matrícula do país onde residimos a circular mais que seis meses em Portugal”.
NOTA DE REDAÇÃO:
- De acordo com a Comissão Nacional de Eleições foram 31.980 os votos nulos Fora da Europa e 94.261 na Europa