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Críticos em Cannes preferiram filme iraniano

© Festival de Cannes

O filme “Les graines du figuier sauvage” (“As sementes da figueira selvagem”), do iraniano Mohammad Rasoulof, ganhou o prémio FIPRESCI da crítica internacional e o do Júri Ecuménico para o melhor filme, no contexto do Festival do Cinema de Cannes. A estes galardões juntou-se o Prémio Especial do Júri da competição oficial do festival.

O júri da Federação Internacional de Críticos de Cinema (FIPRESCI) descreveu o filme como “uma história corajosa passada no Irão moderno que aborda o conflito entre tradição e progresso de uma forma muito poderosa e imaginativa”. Deste júri fazia parte o fundador do BOM DIA e crítico de cinema, Raúl Reis.

Por seu lado, o Júri Ecuménico destacou “a subtileza e a sobriedade da sua escrita, tanto dramática como cinematográfica”, num filme que é “uma metáfora de qualquer teocracia autoritária”.

“Quando a religião está associada ao poder político e ao patriarcado, pode destruir as relações mais íntimas e a dignidade dos indivíduos, como acontece neste drama familiar iraniano”, afirmou o Júri Ecuménico, que ficou “impressionado com o rico simbolismo do filme, o seu final generoso e esperançoso, os seus toques de humor e a sua tensão desoladora”. 

Estes são os dois primeiros prémios para um filme sobre os problemas internos de uma família iraniana devido à profissão do pai, um juiz de instrução, no contexto dos protestos pela morte da jovem Mahsa Amini, em 2022, depois de ter sido detida por não usar corretamente o véu islâmico.

Indicado como favorito indiscutível para ganhar a Palma de Ouro no Festival de Cannes, o prémio máximo da competição oficial, Rasoulof pôde apresentar o filme no festival depois de ter fugido do seu país para evitar uma pena de prisão de oito anos.

Considerado uma das vozes do cinema iraniano de oposição ao regime conservador islâmico de Teerão, juntamente com cineastas como Jafar Panahi e Saeed Roustaee, Mohammad Rasoulof já tinha estado preso anteriormente, por causa dos filmes que realizou.

Em 2020, o festival de Berlim atribuiu-lhe o Urso de Ouro pelo filme “O mal não existe”, na ausência do realizador, detido pelas autoridades acusado de “conluio contra a segurança nacional e propaganda contra o sistema”.

O FIPRESCI atribuiu também o prémio para melhor filme da secção paralela “Un certain regard” (“Um certo olhar”), a segunda mais importante do festival, que foi para “L’histoire de Souleymane” (“A história de Souleymane”), do realizador francês Boris Lojkine.

O filme já tinha ganhado na sexta-feira o primeiro prémio principal desta secção, bem como o prémio de melhor ator para Abou Sangaré.

A lista de vencedores do FIPRESCI ficou completa com o prémio para “Desert of Namíbia” (“Deserto da Namíbia”), da japonesa Yôko Yamanaka, escolhido como o melhor filme nas secções paralelas de Cannes.

E o Júri Ecuménico atribuiu ainda um prémio especial a Wim Wenders, por uma carreira em que tornou “visível o invisível” e captou “a humanidade comum”.

“Um cineasta existencial e poético que soube exprimir graciosamente a sua procura de um mundo melhor” e que, com a criação da Fundação Wim Wenders, “deseja transmitir às gerações futuras a sua paixão e o seu amor pela sétima arte”.

Também hoje foi anunciado o Prémio do Cidadão, que escolhe um filme da competição oficial pelas suas qualidades artísticas e pelos seus valores de humanismo, secularismo e universalismo. 

O prémio foi atribuído a “Bird”, da realizadora britânica Andrea Arnold, um filme cheio de “poesia e humanismo” que “eleva o eu à beleza e ao amor dos outros”. 

O Queer Palm 2024 foi atribuído na secção de curtas-metragens à espanhola Elena López Riera por “Las novias del sur” (“As noivas do sul”) e na secção de longas-metragens a “Three kilometres to the end of the world” (“Três quilómetros para o fim do mundo”), do romeno Emanuel Parvu.

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