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Como se faz um corrupto

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Vou-vos contar uma história. História verídica, segundo a senhora que ma contou, ocorrida com familiar que esteve preso.

Não é alegre, nem tem fim feliz, mas serve para verificar como nasce um corrupto.

Alberto (nome fictício) era um jovem que nasceu no seio de família cristã. A mãe, profundamente católica, educara-o dentro dos parâmetros do catolicismo.

Certa ocasião, o rapazinho, ao regressar do colégio, encontrou na rua porta-moedas com dinheiro – quantia insignificante.

Ao chegar a casa, abeirou-se da mãe, e entregou-lho.

Esta, depois e verificar o conteúdo, disse-lhe:

– Alberto: não devemos ficar, com nada que não seja nosso. É feio e pecado. Vai, e entrega-o na polícia ou lança-o num marco postal.

Assim fez.

Entretanto o jovem cresceu e empregou-se na firma onde o pai trabalhava.

Feito curto estágio, o patrão – que era paternalista – resolveu entregar-lhe o cargo de compra de material, já que seu pai e avô, sempre foram trabalhadores irrepreensíveis e honestíssimos.

Alberto, seguindo a norma da casa, pedia três orçamentos, levava-os ao chefe de contabilidade que escolhia. Por vezes, este, solicitava-lhe uma ou duas facturas de artigos diferentes do que comprava. Dizia-lhe que era para acertar as verbas de que dispunha.

Tudo corria bem, até que colegas da contabilidade vieram ter com ele propondo-lhe um “negócio”.

Negócio” que todos faziam e que todos lucravam: compravam produtos (canetas permanentes, livros, discos, etc.) e pediam facturas de papel de máquina e “químicos”.

Alberto hesitou, quis dizer que não, mas era tímido, além disso os colegas eram-lhe superiores hierárquicos.

Contrariado, cedeu. Para ele ficou apenas um dicionário de português!

O tempo correu… até que a secretaria fez requisição de papel. Não havia em stock. O facto foi levado ao patrão, que mandou chamar o Alberto.

Logo o mais astuto da contabilidade, declarou:

– “Quem vai falar, sou eu.”

Não conheço o que disse. Sabe-se que ao sair do gabinete declarou:

– “Tudo resolvido. O que é preciso é ter lábia. Se fosse o rapaz, metia os pés pelas mãos, e todos ficávamos mal.

Alberto respirou fundo, e rezou à virgem por não ter sido descoberto.

Mas…pouco tempo depois, fornecedor habitual da firma disse-lhe à puridade:

– “Você pode ganhar muito, de forma legal. Peça dois orçamentos e depois, mostra-mos. Eu elaboro um mais barato. Dou-lhe três por cento ou dez, conforme os lucros.

Alberto, que era extremamente escrupuloso e honestíssimo. Cedeu…

Assim se fez corrupto…

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