A universidade espanhola de Alcalá revelou que nos próximos meses serão divulgados milhares de registos com “particularidades linguísticas” de um trabalho de vários anos feito na faixa fronteiriça entre Espanha e Portugal.
O objetivo do projeto “Fronteira hispano-portuguesa: documentação linguística e bibliográfica” (Frontespo) é fazer a “documentação linguística exaustiva” da zona fronteiriça entre Espanha e Portugal.
Segundo Xosé Afonso Álvarez Pérez, investigador principal na Universidade de Alcalá, que lidera a realização do estudo, a generalização da alfabetização, a escolaridade obrigatória, os meios de comunicação de massas, entre outros, “estão a diluir as particularidades linguísticas” da raia.
Daí a importância do projeto que, desde 2015, já permitiu disponibilizar 1500 registos de tema essencialmente linguístico e “nos próximos meses” irá colocar à disposição de todos “cinco mil fichas de outros âmbitos temáticos”.
Segundo os técnicos envolvidos no projeto, “torna-se urgente recolher informação sobre o território fronteiriço, para documentar o estado de vida tradicional e estudar o processo de mudança, assim como para valorizar o seu imenso património cultural, com o fim último de contribuir para a sua revitalização”.
O FRONTESPO estudou as particularidades linguísticas das populações da fronteira entre Portugal e Espanha, “um dos limites estatais mais antigos e estáveis da história”, que se constituiu ao longo do tempo como “um espaço de encontro e confluência de variedades linguísticas”.
O estudo inclui um ‘corpus oral’ com 300 horas de gravações; um “tesouro léxico” com vários milhares de palavras e expressões particulares registados nas zonas da raia; e uma bibliografia da fronteira, que tenta recolher estudos linguísticos, culturais e históricos sobre essas comunidades.
O projeto financiado pelo Governo espanhol conta com a colaboração de investigadores universitários portugueses e espanhóis e também do Centro Interdisciplinar de Documentação Linguística e Social, português.