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Cinema português vai ter “história oral não oficial”

A investigadora portuguesa Raquel Rato está a construir uma “história oral do cinema português não oficial”, com entrevistas a pessoas que fazem parte da história da produção nacional, numa plataforma que será revelada na segunda-feira.

O projeto chama-se “Palavras em movimento: testemunho vivo do património cinematográfico”, e consiste na divulgação ‘online’ de entrevistas a figuras do cinema português, em particular as que trabalharam a partir da década de 1960, no movimento do Cinema Novo.

O objetivo é preservar a memória do que essas pessoas fizeram, como contou a investigadora à agência Lusa.

“Não é só a questão do registo. É a questão destas pessoas, algumas delas, estarem esquecidas no cinema português. Não todas, mas muita gente não sabe quem é o Manuel Faria de Almeida, o Ricardo Costa. É para valorizar as pessoas e as obras delas”, explicou.

Raquel Rato, com formação em Cinema, decidiu avançar com este projeto, associado ao Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa e à Fundação Calouste Gulbenkian, depois de ter feito um doutoramento em Paris sobre o diretor de fotografia Acácio de Almeida.

Na altura percebeu que havia pouca bibliografia sobre cinema e, em particular, sobre o autor, pelo que se decidiu recolher informação por via de testemunhos orais, em vídeo e áudio, ficando com “um material muito rico que não podia ficar na gaveta”.

Avançou com este “projeto pioneiro de reflexão”, começando por pessoas que trabalharam a partir da década de 1960, num “dos movimentos mais importantes do cinema português do século XX, que corta radicalmente com o cinema tradicional”.

Na plataforma digital serão disponibilizadas entrevistas com 12 pessoas, entre as quais o realizador Fernando Matos Silva, o produtor António Cunha Telles, a atriz Lia Gama, a colorista Teresa Ferreira, o realizador Eduardo Geada e a montadora Monique Rutler.

Raquel Rato sente-se quase numa corrida contra o tempo, no registo de testemunhos que possam contribuir para a investigação sobre cinema português, já que alguns dos protagonistas já morreram, entre os quais José Fonseca e Costa, Alberto Seixas Santos e António de Macedo.

Raquel Rato diz que está no ‘ano zero’ deste projeto, que gostaria de prolongar com testemunhos até à atualidade do cinema português.

A plataforma digital “Palavras em movimento: testemunho vivo do património cinematográfico” será revelada na segunda-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no primeiro dia do Encontro Internacional de História Oral do Cinema Português.

A iniciativa, que assinalará ainda os 50 anos da criação do Centro Português de Cinema – a primeira cooperativa de cinema em Portugal – decorrerá na segunda e na terça-feira e contará com a presença de Cunha Telles, António-Pedro Vasconcelos, Lauro António, Rui Simões, Manuel Mozos e João Lopes.

 

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