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Cinema Ideal é medalhado

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O Governo vai atribuir esta quarta-feira uma Medalha de Mérito Cultural ao Cinema Ideal, anunciou aquela sala lisboeta.

“Por decisão da senhora ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, o cinema Ideal vai ser distinguido com a Medalha de Mérito Cultural, por ocasião do seu 10.º aniversário”, pode ler-se num comunicado da Midas Filmes.

No mesmo texto, é recordado que a Medalha de Mérito Cultural se destina a “distinguir pessoas singulares ou coletivas, pela sua dedicação ao longo do tempo a atividades de ação ou divulgação cultural”.

No caso do Ideal, a medalha enaltece “a qualidade da programação do Cinema Ideal, reconhecendo o seu papel essencial na exibição de filmes independentes, na apresentação de cinema com origem geográfica diversa, e na atenção dada ao cinema português e europeu”.

A sala de cinema nasceu em 1904 num edifício do século XIX, entre o Chiado e o Bairro Alto, e teve várias vidas ao longo de mais de um século. Chamou-se Salão Ideal, Piolho do Loreto, Cine Camões e Cine Paraíso, até ser recuperado há 10 anos por Pedro Borges, reabrindo no final de agosto de 2014.

Na altura, Pedro Borges afirmava publicamente que a identidade do Cinema Ideal seria a de um cinema de bairro, com programação pensada para que as pessoas pudessem “reganhar o gosto de ir a uma sala de cinema”.

“Nos primeiros anos ainda tínhamos muita gente que vivia aqui perto, ou num raio de 15/20 minutos a pé e que vinha aqui muitas vezes, e havia quem trabalhasse aqui ou quem ao fim da tarde viesse ao cinema e depois jantar, e isso tudo desapareceu nestes dez anos”, disse Pedro Borges à Lusa em agosto, a propósito do aniversário do espaço.

Quando questionado sobre quantos mais anos aguentará o Cinema Ideal no Chiado, Pedro Borges respondia: “Não faço ideia. A questão é se vai continuar a fazer sentido durante muito mais anos se as coisas não se alterarem. É preciso tomar medidas em relação à destruição de lojas, escritórios, casas de habitação. Como em Barcelona, que já avisou que vai suspender [o alojamento local]”.

O Cinema Ideal vive da bilheteira, não vende pipocas nem refrigerantes, que são uma fonte de receita das exibidoras, e tem apoio da Câmara Municipal de Lisboa e do Instituto do Cinema e Audiovisual.

Nesta década, o Cinema Ideal contabilizou anualmente cerca de 38.000 espectadores, excluindo os anos da pandemia, que levaram o encerramento ou condicionamento da exibição comercial no país.

“Nunca iria fechar uma coisa destas. Há certas derrotas que a gente não pode admitir”, garantiu Pedro Borges.

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