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Casal bracarense conta como foi ajudar quem precisa em Moçambique

Rui e Susana casaram-se em setembro de 2018 e partiram para Moçambique no mês seguinte, integrados no projeto Salama do Centro Missionário da Arquidiocese Braga, onde viveram um Natal diferente de todos.

“Foi já por cá e como namorados que fomos amadurecendo e rezando esta ideia” diz à Agência ECCLESIA Rui Vieira.

Os dois casaram-se na Capela de Nossa Senhora da Conceição em Braga, numa celebração que foi mais do que um casamento.

“Foi também a celebração de envio, perante os familiares e amigos, e partimos em meados de outubro”, explica Susana Magalhães.

Na ocasião, a decisão do jovem casal não recolheu unanimidade, até porque ambos tinham emprego quando escolheram partir.

“As primeiras reações é de que eramos loucos e que trocávamos o certo pelo incerto” recorda Susana.

Em Moçambique, os dois viveram “um Natal rico, diferente”. “A experiência torna-se rica, porque nos centramos no essencial, é um Natal que não se perde em compras nem em pressas”, indica Susana, destacando a centralidade da celebração religiosa na Igreja.

“Quando acaba, regressam a casa e a vida segue com normalidade”, explica.

A atualidade no norte de Moçambique é agora marcada por casos de violência e destruição; as consequências já se fazem sentir na paróquia de Ocua.

“A situação é caótica em termos de refugiados, a pressão é grande nas dioceses de Pemba e de Nampula que é a que fica logo a seguir” afirma Rui.

O casal entende que os dois amadureceram como casal, com a experiência missionária.

“Contribuiu para o nosso crescimento como casal porque é o nascimento de uma família nova, a experiência obrigou-nos a muitos momentos de conversa e de proximidade” reconhece o Rui.
A partida imediata para uma experiência missionária no país lusófono resultou em algo que é difícil para os casais que habitam as sociedades ocidentais.

“Nós passávamos a maior parte das horas do dia juntos, e isso é bom e enriquecedor”, afirma Susana. “Ganhamos mais anos de casamento porque passámos mais horas juntos”, acrescenta.

Rui Vieira e Susana Magalhães associaram-se como leigos, a um projeto missionário que a Arquidiocese de Braga alimenta, desde 2014, com a Diocese de Pemba no norte de Moçambique.

Ocua é hoje a paróquia 552 da Arquidiocese de Braga e que esta assume pastoralmente em Pemba.

“Dávamos formação a catequistas, a mulheres que integravam várias Comissões como a da mulher, da criança e desenvolvemos um programa de promoção ao aleitamento materno”, relata Susana Magalhães.

Rui dedicou-se a um projeto de agricultura nas machambas, as pequenas hortas que o povo cultiva.

“Não podemos fazer pastoral sem nos preocuparmos com a parte humana”, refere o leigo missionário.

“Como a paróquia de Santa Cecília de Ocua tem muito terreno, decidimos ceder algum às famílias, sem contrapartidas, para que pudessem tirar rendimento e alimentos”, prossegue.
Atualmente, está em curso um projeto com o apoio da Cáritas Diocesana de Pemba e da escola profissional de Ocua, que visa um estudo sobre a capacidade agrícola dos solos tendo em vista a otimização dos recursos.

Depois de dois anos de missão em Ocua, Rui Vieira e Susana Magalhães afirmam que “agora o tempo é para assentar”.

No território a presença missionária portuguesa está agora assegurada pela Andreia a quem se juntará em breve a Fátima e o padre Manuel Faria, que ainda aguardam pelos vistos.

 

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