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Carlos Barros deu aula sobre resiliência e emigração no Luxemburgo

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No passado dia 25 de junho a Escola de Verão de Psicologia Cultural da Universidade do Luxemburgo teve uma aula sobre resiliência em emigrantes portugueses e nas suas famílias em Portugal.

Carlos Barros, colaborador do Bom Dia, professor e investigador na Universidade Católica Portuguesa, foi o responsável por esta aula que conduziu em resultados que reforçam a importância de, citando o investigador, “não vermos a pessoa senão em comunidade para uma adaptação mais facilitada seja em Portugal, seja em outro país onde viva”.

Explica Carlos Barros que neste projeto foi analisada a resiliência “que é a capacidade de adaptação em situações adversas/difíceis, tendo em conta três principais recursos: os pessoais, como é o caso das características psicológicas de cada um;  os familiares, que nos remetem para a adaptação que pode ser impulsionada em rede com as pessoas mais próximas; bem como as extra familiares, ou seja, conexão com as comunidades, associações, colegas e amigos”.

Esta aula apresentou um estudo que procurou entender não só a resiliência nos que emigraram, mas também nos que ficaram em Portugal. Segundo o investigador, “a maioria dos emigrantes deixou Portugal por uma clara falta de oportunidades laborais dignas” e embora encontrem a resposta para a estabilidade no trabalho fora de Portugal, existem fatores como “as diferenças linguísticas, as burocracias, as saudades de casa e até algum choque por alguns traços culturais diferentes, como por exemplo, algumas pessoas sentem frieza no contacto como um impedimento”. 

Segundo o investigador, a maioria adaptou-se com suporte das famílias em Portugal e dos colegas nos países onde vivem, mas há fatores importantes a ter em conta. Como nos refere Carlos: “as tecnologias digitais são uma chave central ao contacto dos emigrantes quer com as famílias em Portugal, quer com os que conheceram onde vivem e pode ser a diferença para uma melhor integração. Tudo isto tem diferenças claras dependendo do país onde vivem. Por exemplo, quem não domina minimamente a língua do país onde vive tende a ter menos contactos e estar mais isolado, embora tenha maior contacto com as associações de emigrantes. Já os emigrantes mais jovens tendem a fazer um melhor balanço do contacto entre contacto com as associações, pessoas no país onde vivem e também familiares em Portugal”, o que acaba por facilitar o bem-estar destes portugueses nos vários contextos onde têm contacto.

E quanto aos pais e mães que vivem em Portugal com os filhos emigrados?

Um dado importante é que o mesmo uso das tecnologias digitais (por exemplo, Facebook, Instagram) tendem não só a mantê-los em contacto com os filhos emigrados, mas também são muito importantes para se conectarem com outros em Portugal.

Como nos conta Carlos Barros, “com o uso das tecnologias digitais por estes pais, não só houve combate ao isolamento e solidão, como também um claro benefício comunitário”, explicando com um exemplo “um dos testemunhos mais bonitos foi de uma mãe já idosa que aprendeu a usar o WhatsApp para falar com o filho na Bélgica, mas depois passou a usar a rede Facebook para fazer grupos voluntários de distribuição de comida onde vivia. Há muitos casos de pessoas que se conectaram com familiares que não viam há muito ou fizeram novos amigos e integraram grupos de caminhadas e de ajuda em associações”.

Este investigador enfatiza que “a resiliência não está unicamente colocada no patamar individual, mas muito no contexto que além de desafios proporciona oportunidades de ressignificação ao longo da vida, sendo importante entender quem são estas redes de suporte e como funcionam para as potencializar”.

Este debate pretendeu trazer à universidade a importância de académicos e futuros profissionais de vários países estarem sensibilizados para intervir com emigrantes portugueses e com as mudanças importantes para um futuro global e com condições para todos. Como referiu o investigador no final da aula “as investigações não são apenas para ficar nas bibliotecas, mas nas políticas e nas ações de cada profissional”.

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