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Caos nos céus: como evolui a situação no aeroporto de Lisboa

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Greves, falta de pessoal e nevoeiro têm sido apontadas como as principais causas para o cancelamento dos voos nas últimas semanas. A situação não dá sinais de melhorias e o presidente do Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras garante que vai continuar.

“Vamos continuar a ter movimentos intensos este mês e no próximo. Não haverá qualquer abrandamento”, disse Acácio Pereira, citado pelo Correio da Manhã.

“Há 16 terminais de passagem na área de chegadas internacionais, que dão resposta, a cada hora, a 800 passageiros no mínimo e, no máximo, 1.600 passageiros. Nós temos picos de cerca de cinco mil passageiros por hora, o que leva a muita espera e cenário de caos. A infraestrutura devia ser bem maior”, argumenta.

O caos que se vê nos aeroportos, principalmente no de Lisboa, prende-se com o elevado fluxo de passageiros resultante das viagens que ficaram por fazer durante a pandemia de covid-19.

A presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, lamentou que o serviço prestado “não deverá melhorar nas próximas semanas, fruto do aumento regular das viagens”.

Interrogado sobre a situação no aeroporto de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que “os aeroportos estão um pouco por toda a parte um caos”.

“Há vários aeroportos europeus que estão um caos, perda de bagagem e tal. Há cancelamentos de 800 aviões nos Estados Unidos da América. Há aqui um problema complicadíssimo, de facto, no funcionamento dos aeroportos, e que se repercute depois nas ligações agora que o turismo cresce e a circulação também cresce”, referiu.

Entretanto o organismo de defesa do consumidor português, Deco, instou o Ministério das Infraestruturas e a Autoridade Nacional da Aviação Civil a intervirem para acautelar os interesses dos passageiros afetados pelos cancelamentos de voos em Lisboa, cujo direito à assistência “não está a ser aplicado”.

“Isto não é uma situação nova, uma vez que disrupções e problemas no aeroporto [de Lisboa], infelizmente, têm sido cada vez mais constantes. O que nos preocupa são as respostas que estão sempre a ser dadas aos consumidores e, sobretudo, o facto de estes terem direitos que não são aplicados e de ser necessário ter planos de contingência preparados quer pela infraestrutura aeroportuária, quer pelas próprias transportadoras, para garantir o direito à assistência”, afirmou o coordenador do departamento jurídico da Deco – Associação de Defesa do Consumidor em declarações à Lusa na semana passada.

O Governo, por seu lado, disse estar “atento e preocupado” com a situação nos aeroportos, mantendo “contacto permanente” com a ANAC e a ANA, para solucionar os problemas sinalizados, segundo uma resposta à Deco, a que a Lusa teve acesso.

“O Governo está atento e preocupado com a turbulência que tem afetado os aeroportos europeus, com efeitos também nos aeroportos portugueses”, lê-se na resposta do ministério liderado por Pedro Nuno Santos.

O executivo garantiu estar em “contacto permanente com a ANAC”, para que sejam “tomadas as diligências necessárias para serem executadas todas as medidas legais, tendo em vista a melhoria das condições oferecidas aos passageiros em momentos críticos”, lembrando que está a funcionar, desde junho, um grupo de contingência com o objetivo de identificar as medidas a serem tomadas tendo em vista a melhoria operacional, que se tem reunido regularmente.

Por seu lado, a NAV Portugal anunciou esta sexta-feira uma nova Carta de Operações com a Força Aérea, para o verão, que vai permitir reduzir atrasos no aeroporto de Lisboa e maior otimização da capacidade da infraestrutura. Esta nova carta de operações redesenha o espaço aéreo, com cedências de espaço em períodos temporais nas áreas militares de Monte Real e de Sintra, contribuindo positivamente para a redução de atrasos das aeronaves e na maior otimização da capacidade da área terminal e das aproximações ao aeroporto Humberto Delgado”, lê-se num comunicado enviado pela prestadora de serviços de navegação aérea.

A NAV esclareceu que o novo acordo foi feito no âmbito do Órgão Permanente para a Coordenação da Gestão e Uso do Espaço Aéreo (OCEA), do qual fazem parte a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), a Autoridade Aeronáutica Nacional (AAN), a NAV Portugal e a Força Aérea Portuguesa.

A carta de operações para o verão vai permitir, segundo a NAV, “uma otimização da conciliação da atividade militar e a aviação civil, nos serviços de navegação aérea“.

Durante a semana, foram anulados, em média, 35 voos por dia, sobretudo da TAP.

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