Cancro: portuguesa desenvolve molécula que pode salvar vidas
A molécula é um anticorpo monoclonal, um tipo de molécula fabricada em laboratório, a partir de células vivas, e que é usada em alguns tratamentos oncológicos.
Nos últimos anos foram desenvolvidos inúmeros anticorpos monoclonais (mAb), mas nenhum com o potencial daquele que a investigadora Paula Videira, da Unidade de Ciências Biomoleculares Aplicadas da NOVA FCT, ajudou a criar e que poderá vir a erradicar 80% dos tumores sólidos, independentemente do seu estádio.
A descoberta, desenvolvida pela biotecnológica portuguesa CellmAbs, foi reconhecida pela alemã BioNTech, que este mês comprou as patentes relacionadas com esta inovação, num negócio de “centenas de milhões de euros” — o maior de sempre na área das ciências da vida envolvendo uma empresa nacional.
Introduzida no organismo, a molécula com ‘assinatura portuguesa’ tem a capacidade de atingir com precisão um alvo muito específico: um biomarcador que se encontra na grande maioria dos tumores sólidos, sejam primários ou metastáticos, e que não existe nas células saudáveis.
Desse modo, “é possível direcionar o tratamento exclusivamente para as células cancerígenas, poupando as outras”, ao contrário do que acontece na quimio e radioterapia, explicou ao jornal Expresso a investigadora, de 51 anos.
Este biomarcador, que desempenha um papel importante na progressão do tumor e na inibição do sistema imunitário dos doentes, já tinha sido identificado pela ciência há vários anos, mas é uma estrutura tão pequena que até agora todas as tentativas feitas para desenvolver anticorpos monoclonais que conseguissem atingi-la tinham falhado.