Braga: presépio de Priscos vai ajudar vítimas de tráfico humano
A Paróquia de São Tiago de Priscos (Arquidiocese de Braga) realiza há 17 anos um presépio ao vivo naquela localidade, centrado em causas sociais, e este ano vai ser inaugurado no dia 10 de dezembro.
A atividade natalícia pretende proporcionar aos visitantes um encontro com o mistério do Natal e na inauguração vai estar “Nadege Ilick, vítima de tráfico humano”, realça uma nota enviada às redações.
Esta jovem camaronesa que conseguiu fugir para “não ser vendida para um casamento forçado”, passou pela Argélia, onde foi “enganada com promessas de trabalho e acabou numa casa de alterne”.
Conseguiu fugir para a Líbia, onde acabaria por ser raptada por guardas prisionais e na prisão foi espancada e torturada apesar de estar grávida.
Com a ajuda do atual marido conseguiu fugir e foi socorrida pelo navio humanitário Sea Watch que atracou, mesmo sem autorização, no porto de Lampedusa, no verão de 2019.
A Itália fechou-lhe as portas, mas Portugal recebeu-a “de braços abertos” e a camaronesa foi acolhida pelo Colégio Luso-Internacional de Braga (sendo acompanhada de perto por Helena Pina Vaz), e por diversos voluntários e instituições bracarenses.
Este ano, na XVII edição do Presépio ao vivo de Priscos, a organização quer ajudar figurantes e visitantes a refletir sobre “Tráfico de Seres Humanos”.
“É um crime contra a liberdade pessoal e constitui uma das formas mais graves de violação dos direitos humanos. É um fenómeno complexo, na maioria dos casos transnacional, de natureza oculta e em permanente mudança. Envolve o recrutamento e a movimentação de pessoas entre fronteiras internacionais ou dentro de um mesmo país, com o objetivo de as sujeitar a diversos tipos de exploração”, lê-se no comunicado.
“O presépio ao vivo de Priscos existe desde de 2006, é um espaço de 30.000 m2, com mais de 90 cenários e 600 figurantes e procura colocar no centro da época natalícia a figura de Jesus como instrumento de promoção humana e social”.
É um presépio ao vivo, representativo do presépio tradicional, com “ritmos e rotinas do quotidiano hebraico e romano onde haverá representações ao vivo de ofícios antigos e cenas da vida quotidiana retratadas por um número significativo de voluntários, incluindo as crianças, jovens e idosos”.
“A grande novidade deste ano é um acampamento militar, como um alerta para compreendermos que a guerra não pode ser solução para coisa alguma. A guerra é a suprema injustiça para com os justos, para com os inocentes, por maioria de razão, pelo que é a suprema fonte de todos os males”.