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Boavista: guerra aberta contra acionista maioritário luxemburguês

© Raúl Reis / BOM DIA

Demitido da liderança da SAD do Boavista em fevereiro, com a sombra de salários em atraso a jogadores e funcionários do clube, Vítor Murta elogia a auditoria forense que será realizada à sua gestão.

Os axadrezados não podem inscrever novos jogadores há quatro janelas de transferências por causa de dívidas, recorrentes desde a entrada de Gérard Lopez na estrutura acionista. E acusa os administradores nomeados por ele de serem “incompetentes”.

Entretanto, entre os adeptos ouve-se manifestações de preocupação. Esta semana, ao BOM DIA, vários boavisteiros históricos disseram estarem preocupados com a situação de incerteza e querem que no próximo conselho geral do clube as “verdadeiras questões sejam debatidas”.

De uma dúzia de sócios consultados, todos disseram ao BOM DIA terem perdido a confiança em Lopez, até porque “ele só tem problemas onde se mete”, dando como exemplo a situação complexa em Bordéus.

Entretanto, o ex-presidente da SAD do Boavista, Vítor Murta, mostrou-se de acordo com a auditoria forense pedida pela sociedade gestora do futebol profissional axadrezado à anterior gestão.

“Entendo e concordo que é fundamental que seja feita uma auditoria às contas do Boavista para que, de uma vez por todas, se acabem com os mitos. Os atuais administradores devem fazer tudo para proteger os interesses da Boavista SAD. Esta será a terceira ou quarta auditoria que é feita e, com toda a certeza, mais uma não fará mal nenhum. Podem aproveitar esta auditoria para explicar aos sócios onde se encontram os cinco milhões de euros que o Gérard Lopez enviou neste defeso e porque é que não pegaram nesse dinheiro e levantaram os impedimentos ou pagaram o acordo a que se obrigaram junto da Administração Tributária”, apontou o dirigente.

Impedido pela FIFA de inscrever novos jogadores há quatro janelas de transferências seguidas, devido a dívidas, o Boavista passou a ser liderado em maio pelo ex-avançado senegalês Fary Faye, que era administrador com atuação exclusiva na área do futebol e encabeçou a única lista aos órgãos sociais formalizada pela Jogo Bonito, sociedade controlada por Gérard Lopez e detentora de uma posição maioritária no capital axadrezado.

“Quero salientar a minha estranheza por também não ser acusado da gestão do Bordéus e do Mouscron [nos quais Gérard Lopez também investiu]. Esta administração devia deixar de perder tempo em comunicados e de colocar notícias nos jornais e dedicar-se a resolver os problemas da SAD. Relembro que a minha administração resolveu inúmeros impedimentos e vários pedidos de insolvência. A diferença é que estávamos mais preocupados com o clube e a SAD do que a andar a denegrir a imagem das instituições”, atirou Vítor Murta, que não foi convidado por Gérard Lopez para fazer mais um mandato na SAD e atualmente preside ao clube.

Recorde-se que, no início de agosto, o Bordéus viu o Tribunal do Comércio francês aprovar um plano de recuperação financeira que impediu o seu desaparecimento, mas, já depois de ter descido na secretaria à terceira divisão, caiu ainda mais um degrau na pirâmide do futebol gaulês, até à National 2. 

A situação preocupante do antigo campeão gaulês, também detido e presidido por Gérard Lopez, tem feito muito eco em França, com Olivier Létang, que sucedeu ao empresário hispano-luxemburguês na liderança do Lille, em 2020, a não poupar nas críticas à gestão que Lopez antes de o ter substituído como presidente do clube. 

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