Agosto no Algarve ou em Trás-os-montes
No largo da aldeia a festa do emigrante
Noites quentes e que bom é este vinho
Tardes solarengas, abafadas, infindáveis.
Cara de novos ricos, confusos, aprumados
Fui levantar dinheiro, olha tanta nota
Emigrantes ostentam riquezas, são afamados
Tem calcas rotas nos joelhos jogam à batota.
Oh pá! Vamos beber mais uma cerveja
Vive la France e também o Luxemburgo
O meu novo Audi faz cá uma inveja
Tem seis cilindros, é cá um verdugo.
Valeu a pena sair daqui desta miséria
Até já arranjei na aldeia uma linda miúda
É um pouco leviana, mas também é séria
É filha de um lavrador, gente da graúda
Voltarei pró ano tirá-la desta miséria
Amanha já vou embora, adeus até para o ano!
José Valgode