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As remessas dos emigrantes desde o 25 de Abril

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Tornou-se habitual observar que a imprensa de Portugal dá algum destaque aos emigrantes nas edições do início do mês de agosto de cada ano, por ser uma altura em que muitos portugueses residentes no estrangeiro voltam ao país para desfrutar das férias anuais, de tal forma que o dia 1 de agosto se tornou quase numa espécie de “dia do emigrante”.

Este ano, estamos todos a viver um contexto muito particular e a vinda dos emigrantes ganhou uma dimensão financeira maior que habitual pois poderá constituir uma importante lufada de ar fresco na economia nacional.

Mas quando se fala em impacto dos emigrantes na economia, pensa-se primeiramente nas remessas. Clicando aqui, encontrarão um documento que recolhe dados disponibilizados pelo Banco de Portugal sobre as remessas dos emigrantes enviadas no pós-25 de abril em valores nominais. Nesse mesmo documento, encontram-se também os valores reais das ditas remessas, apurados por via de um calculador disponibilizado pelo Instituto Nacional de Estatística.

Algumas notas merecem ser destacadas no âmbito da produção destas informações.

  • Em valores reais, o contributo dos emigrantes em remessas na era democrática atinge os 217 mil milhões de euros, valor ligeiramente superior ao PIB nacional de 2019 que ficou pelos 212 mil milhões de euros (1).
  • Essa mesma verba de 217 mil milhões de euros está bem acima dos cerca de 130 mil milhões de euros (a preços de 2011) que Portugal terá recebido de fundos comunitários desde a adesão à Comunidade Económica Europeia até ao ano de 2018 (2).
  • Segundo o Instituto Nacional de Estatística, de 2008 a 2019, o Estado terá providenciado ajudas financeiras na ordem dos 20,6 mil milhões de euros para salvar a Banca (3). Em período homólogo, as remessas dos emigrantes atingiram os 37,5 mil milhões de euros (em valores reais) – praticamente o dobro.

O que teria acontecido à economia portuguesa sem o contributo dos emigrantes, com as remessas, nesse momento de crise?

Não obstante esse impulso não negligenciável, refira-se que as remessas são a ponta do iceberg no que diz respeito ao real contributo das Comunidades Portuguesas na economia nacional.

Pedro Rupio

Conselheiro das Comunidades Portuguesas

(1) PORDATA – Base de Dados Portugal contemporrâneo. Produto Interno Bruto (Euro). Disponível em www.pordata.pt/Europa/Produto+Interno+Bruto+(Euro)-1786, acedido a 5 de julho de 2020.

(2) Jornal Económico. De 1986 até 2018 Portugal terá recebido 130 mil milhões de fundos comunitários. Disponível em https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/de-1986-ate-2018-portugal-tera-recebido-um-valor-acumulado-em-torno-de-130-mil-milhoes-de-fundos-comunitarios-428371, acedido a 5 de julho de 2020.

(3) Instituto Nacional de Estatística. Procedimento dos Défices Excessivos, 1ª Notificação. Disponível em www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=406887673&DESTAQUESmodo=2, acedido a 5 de julho de 2020.

 

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