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Arreda que lá vai caldeirada

“Os pescadores sabem que o mar é perigoso e que a tempestade é terrível, mas eles nunca julgaram esses perigos como razão suficiente para permanecer em terra.”

Vincent Van Gogh

Hoje, trago uma receita que vem com cheiro de mar, porque foi criada por pescadores. Há uma única regra para que esta seja perfeita, é que quem a fez é quem a tem de servir. O nome surge do recipiente onde esta maravilha era confecionada, que é uma caldeira de cozinhar.

Tradicionalmente, os pescadores cozinhavam a bordo um refogado com variedades de peixes de baixo valor comercial, batatas, sal e condimentos. Era habitual comer o peixe e as batatas ao almoço e, só depois ao fim da tarde se comia o caldo com o peixe que sobrasse.

O caldo que estes ingredientes unidos produzem na caldeira leva a um hábito bem português de molhar o pão no molho.

A caldeirada teve desde bem cedo grandes admiradores. D. Afonso, o irmão mais novo do rei D. Carlos, homem eclético, não perdia a oportunidade de degustar uma caldeirada à fragateira.

Este príncipe rumava a Cascais, ao volante do seu boguinhas, – a saber, um dos primeiros carros a circular em Portugal-, acompanhado pelo seu criado que tinha a função de gritar ‘Arreda’ a todas pessoas que pudessem atravessar-se no caminho do seu temível automóvel, que circulava a não mais de 20 km/h, o que dava perfeitamente tempo suficiente para sair da frente da viatura.

Quão ridículo seria ser atropelado a 20km/h pelo primeiro carro a circular em Portugal, seria um acidente em câmara lenta digno de uma cena de ação de Bollywood.

Um concelho meu, se quer inventar a cozinhar faça caldeiradas, é uma receita fácil e onde a criatividade e o bom senso podem ser aplicados, e outra coisa importantíssima é que não suja muita louça.

Ingredientes:

300 g de tamboril

300 g de congro

300 g de safio

300 g de raia

300 g de lulas

300 g de ameijoas congeladas

4 batatas grandes

5 tomates maduros

1 pimento verde pequeno

1 pimento vermelho pequeno

2 colheres (sopa) de concentrado de tomate

1 cebola grande

2 dentes de alho

250 ml de vinho branco

50 ml de azeite

Sumo de 1/2 limão

1 raminho de salsa

2 folhas de louro

Sal q.b.

Confeção:

Descongele atempadamente as ameijoas. Descasque as batatas, as cebolas e os alhos e corte-os em rodelas. Reserve as batatas dentro de água. Pele os tomates, retire-lhes as sementes e corte-os em cubos grandes. Corte o peixe em postas e as lulas em tiras grossas (ou ao meio) e tempere-as com sal e o sumo de limão.

Prepare a caldeirada em camadas, começando por colocar no fundo as ameijoas, a cebola e os alhos num tacho largo. Acrescente as batatas, as folhas de louro, o peixe, as lulas e os pimentos, limpos e cortados em tiras grossas, regue com o azeite e o vinho, adicione o tomate, previamente misturado com o concentrado, e tempere com sal.

Acrescente o ramo de salsa e leve ao lume. Quando estiver a ferver, baixe o lume e cozinhe por 35 minutos, agitando o tacho de vez em quando. Retire do lume e sirva de imediato.

Dévora Cortinhal

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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