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Arraial de São João em Macau está em risco

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Organização do arraial de São João em Macau expressa “algum desalento” com a impossibilidade “quase certa” de organizar a festa este ano devido à falta de apoios.

A notícia de que o evento não deverá regressar em 2023, após três anos de interrupção, foi avançada esta terça-feira pelo canal português da Rádio Macau.

Novas regras na atribuição de subsídios do Governo “vieram prejudicar as atividades em conjunto”, disse à Lusa o presidente da Associação dos Macaenses (ADM), uma das seis associações de matriz portuguesa à frente do evento. Os critérios estabelecidos pela Fundação Macau não permitem apoiar diferentes associações na organização da mesma atividade, especificou Miguel de Senna Fernandes.

Além disso, notou o responsável, “não pode haver duplicação de apoios”, ou seja, não é permitida a mais de uma entidade apoiar o mesmo projeto.

“E, com esta incerteza dos apoios, vai-se comprometer a possibilidade de nos comprometermos perante terceiros”, lamentou Senna Fernandes, lembrando que este evento implica “uma movimentação grande de meios”.

O arraial de São João lembra a vitória dos portugueses sobre os holandeses, em 24 de junho de 1622, que coincide com a data de São João, celebrada em Portugal. O evento, que junta mais de um milhar de pessoas anualmente, realiza-se em Macau desde 2007, tendo sido organizado nesse primeiro ano na Escola Portuguesa de Macau e, entre 2008 e 2019, no bairro de S. Lázaro, no centro histórico do território.

Com a pandemia de covid-19, o arraial foi cancelado em 2020, sendo que no ano seguinte surgiu um novo obstáculo, com as autoridades a comunicarem que o trânsito no local não seria cortado, à semelhança do que tinha acontecido nas edições anteriores.

“O que significa que iríamos cortar o recinto da festa em dois blocos, ora com crianças a andar de um lado para o outro, isso é terrível. É claro que não pudemos aceitar”, lembrou o presidente da ADM.

Em 2022, um novo surto de covid-19 na região administrativa chinesa acabou por ditar o cancelamento do evento e, este ano, além da “incerteza de apoios”, mantém-se a impossibilidade da reorganização do trânsito em São Lázaro.

Miguel de Senna Fernandes olha para o impasse “com alguma tristeza e algum desalento”.

“Isto é algo da sociedade civil, isto é importante dizê-lo para nos demarcarmos da Festa da Lusofonia, que é um evento apoiado pelo Governo através do Instituto Cultural”, comentou.

A Festa da Lusofonia realiza-se anualmente no território desde 1998, com a presença de grupos artísticos, gastronomia e artesanato dos vários países de língua portuguesa.

Mas o fim da festa no antigo bairro de São Lázaro não é necessariamente o fim do arraial, considerou Miguel de Senna Fernandes, dizendo que, para já, existe uma alternativa e que esta implicaria levar o arraial até à Broadway, ou seja, até à zona do Cotai, onde se encontra grande parte dos casinos do território.

“Ainda estamos à espera, podemos conversar com este grupo que explora aquela ruela do Galaxy, mas, até ao momento, como eles não disseram nada, o mais certo é não haver nada”, afirmou.

“Espero que no próximo ano haja a consideração de que o arraial é uma coisa que deve acontecer todos os anos, só beneficia Macau, só beneficia o turismo de Macau e a imagem. A chamada imagem de diferença que se quer dar a Macau é isto”, completou o responsável pela ADM.

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