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Apartheid escolar

Amigos do Brasil — chegam aqui notícias de que há um partido NOVO que promove no seu programa a criação de um sistema de vouchers para a educação que leve os alunos da escola pública para a privada.

Como li aqui no Facebook alguns comentários que diziam “até poderia funcionar!”, venho do futuro como um oráculo partilhar com vocês os resultados dessa política de financiamento público de escolas privadas.

Em Portugal o governo radical-capitalista que tivemos até 2015 tentou o mesmo que o Novo defende: destruir o sistema público através do desvio do dinheiro público para o privado.

Os resultados dessa política ficam explicados nestas duas reportagens:

https://youtu.be/_9vgmMwLXkU

https://youtu.be/5YOnCK79cpw

Foi uma política que deu origem a corrupção envolvendo dezenas de milhões de euros de dinheiro público.

Em primeiro lugar: ao contrário de outros ramos de comércio, na educação não existe “concorrência”. Não existem 15 escolas em cada bairro entre as quais escolher. Assim, ao ver dinheiro público que poderia sair das mãos do estado, os empresários mais bem posicionados puseram-se em ação pra dominar o sistema de ensino privado, região a região, como um cartel.

Em segundo lugar: ao contrário do que pensam os crentes do “mercado livre”, os privados não fazem milagres na gestão. No final de contas, as escolas são iguais excepto numa coisa: nos privados existe segregação.

As escolas privadas reservam-se ao direito de rejeitar alunos, ficando certas escolas com os alunos das famílias mais privilegiadas obtendo por isso melhores resultados.

É esse o resultado final desta política: o apartheid. Os alunos pobres, negros, ciganos, problemáticos, ficaram na escola pública, recusados no privado, e as escolas privadas (subsidiadas com o voucher do estado numa perversão total da ideia de mercado livre!) ficaram com os alunos privilegiados, destruindo décadas de trabalho de integração social.

Conclusão: essa ideia mais não é que uma nova forma de os privados roubarem o estado através de um estímulo ao racismo, elitismo e conservadorismo. Uma mina de ouro para os grandes empresários que só vem destruir o equilíbrio social.

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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