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Anselmo Vasconcelos: novas perspectivas para o ambiente de trabalho

Numa abordagem inovadora e pioneira sobre o ambiente de trabalho, o primeiro livro de Anselmo Ferreira Vasconcelos, Espiritualidade no ambiente de trabalho: dimensões, reflexões e desafios, traz ao leitor lúcida reflexão acadêmica, fruto de mais de uma década de incessantes pesquisas e experiências do autor em importantes organizações corporativas.

O que entende espiritualidade no ambiente de trabalho?

Como se trata de uma teoria ainda em fase embrionária, não há, portanto, uma definição consensual entre os pesquisadores. De nossa parte, entretanto, entendemos espiritualidade como o processo de movimentação de poderosas forças universais que jazem no íntimo de cada um de nós em direção ao mundo exterior. No contexto do trabalho, implica externar plenamente todo o arsenal de virtudes e qualidades intelectuais que já possuímos com vistas à construção de experiências mais enriquecedoras e realizadoras para nós e para os que nos cercam ou dependem do nosso esforço.

De onde veio a ideia de escrever Espiritualidade no ambiente de trabalho?

Não obstante o fato de que sempre me interessei pelo assunto espiritualidade, a ideia de escrever o livro veio como um desdobramento natural de uma disciplina que fiz nos tempos de mestrado.

Em que o seu livro se diferencia dos títulos de autoajuda hoje tão comuns no mercado editorial?

A maioria dos livros de autoajuda propõe receitas nem sempre devidamente comprovadas, embora reconheçamos que possuam o seu valor. Nesse sentido, optei em oferecer ao leitor, de forma crítica, um mapeamento, um balanço mundial,por meio de ampla revisão literária, sobre as variáveis arroladas como redutos da espiritualidade no trabalho, o peso e o alcance de cada uma delas na vida corporativa, assim como os efeitos supostamente gerados. Além disso, preferi propor algumas questões críticas e convido os leitores a se posicionarem. Cabe esclarecer que entendo espiritualidade como algo que se desenvolve fundamentalmente no interior de cada um de nós, através do exercício permanente de reflexão-ação. Assim, se somos espiritualizados, é natural, portanto, que nossas obras falem por nós.

O que sua pesquisa constatou a respeito da preocupação com o tema espiritualidade dentro das organizações empresariais?

Constatamos que se trata de um assunto que vem ganhando relevância em nível mundial. As empresas precisam se conscientizar de que as pessoas querem fazer parte de projetos construtivos e benéficos à humanidade. As pessoas estão famintas, por assim dizer, por encontrar propósito e significado no trabalho que realizam e de desfrutar de relações positivas com os seus pares e superiores. Mais ainda: elas não querem deixar a sua espiritualidade no portão da empresa.

Pela extensa bibliografia sobre seu objeto de pesquisa produzida no exterior, é correto afirmar que em nosso país ainda relegamos a segundo plano a espiritualidade no trabalho?

Sem dúvida. No Brasil, o assunto é ainda encarado ou como novidade ou de somenos importância.

Quais os maiores problemas encontrados nos meios corporativos no tocante à ausência de atenção a seus recursos humanos?

De modo geral, em ambientes organizacionais onde não há atenção e valorização dos recursos humanos, também não há comprometimento por parte das pessoas com as metas da instituição. Em situações mais extremas, o futuro da organização tende a ser ameaçado.

Como as corporações podem melhorar a qualidade na relação com seus colaboradores?

Monitorando permanentemente o grau de satisfação no trabalho dos funcionários e agindo pontualmente nos pontos críticos.

Em que o propósito cada vez mais acirrado de competição no ambiente profissional contribui para esvaziar o sentido de espiritualidade nas empresas?

No estágio em que está a humanidade, a competição está presente em praticamente tudo. É possível imaginar que se trate de uma espécie de herança atávica. A busca por espaço e reconhecimento leva à competição, pois outros estão buscando o mesmo e as oportunidades são sempre escassas. Assim, um aluno que busca entrar numa faculdade de ponta, um professor que almeja um emprego melhor, um executivo que busca progredir na carreira, todos enfrentarão competição. Mesmo no ambiente religioso há competição. Afinal, quando se elege, por exemplo, um papa, é notório que há uma certa competição, mesmo que os candidatos principais dela não participem.Mas se ela ocorrer no terreno da ética e da meritocracia, penso que estará contribuindo para algo melhor.

Que perdas poderiam ser evitadas se as corporações levassem em conta alguns princípios de espiritualidade?

O fato de levarem em conta algo que transcenda à busca de resultado econômico-financeiro certamente as ajudariam a erigir, grosso modo, uma imagem mais saudável, o que, convenhamos, é sempre bom para os negócios.

No inventário a que denomina de ações espiritualizadas de algumas empresas, o que mais chamou sua atenção pelos bons resultados colhidos?

De modo geral, a criatividade e o esforço que aquelas organizações estão desenvolvendo para implementar uma gestão mais humanizada.

Sobre os autores da entrevista: Angelo Mendes Corrêa é doutorando em Arte e Educação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (USP), professor e jornalista. Itamar Santos é mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (USP), professor, ator e jornalista.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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