De que está à procura ?

Colunistas

Ambientalistas de trazer por casa

As alterações climáticas estão na ordem do dia. Eu até atrever-me-ia a dizer que estão antes na desordem do dia, tal é a leviandade e a negligência com que este sensível assunto tem sido tratado pelas principais potencias mundiais e seus líderes, a começar por Donald Trump que, pura e simplesmente, nega todas as evidências científicas acerca das alterações climáticas. Ainda há dias um urso invadiu uma casa no Montana (EUA) e outro urso faminto saiu do Ártico e andou por Norilsk, cidade industrial no norte da Sibéria, Rússia, à procura de alimento. E tudo isto se agrava porque em 2017 um grande urso invadiu a Casa Branca em Washington.

Claro que está muito na moda dizer-se que estamos todos muito preocupados com o ambiente, coitadinho, coiso e tal, pois é muito importante acabarmos com os plásticos nos oceanos e com as emissões de CO2 em prol da sobrevivência do planeta. Mas mal acabamos de dizer que temos pena do planeta, coitado, e que vamos mudar a nossa atitude para o preservar, o que fazemos de seguida? Pegamos no nosso carro movido a combustíveis fósseis e lá vamos nós na guita, esfomeados, em direcção a uma cadeia de ‘fast-food’ para nos banquetearmos com um suculento e delicioso hambúrguer feito a partir da carne de gado que pasta no local onde outrora foram florestas tropicais, coberto com queijinho produzido a partir do leite extraído, dolorosa e mecanicamente, das tetas inchadas de uma vaca malcheirosa cujo passatempo preferido é libertar potentes arrotos e bufas de metano. Brilhante, é assim mesmo! Somos todos uns grandes ambientalistas de trazer por casa!

Ah, querem arrefecer o ambiente não é? E quem é que se chegou à frente para lutar contra o aquecimento global quem foi, quem foi? Ora, nem mais nem menos do que uma Greta:

– O que é que nós todos queremos?

– Combater o aquecimento global!

– E como é que vamos fazer isso?

– Com… uma Greta!?!?!?

Pois é caro leitor, a jovem activista sueca Greta Thunberg é a cara da luta contra as alterações climáticas. Mas será que é boa ideia termos uma Greta a lutar contra o aquecimento global? É que se o objectivo é lutar contra as alterações climáticas e contra o aquecimento global, não me parece que meter uma Greta ao barulho seja lá muito boa ideia: “Ei pessoal, a Terra agora tem uma Greta que diz que quer arrefecer o ambiente”. Só pode ser uma piada! Greta… Greta… Só se for para aquecer ainda mais o ambiente! É o mesmo que tentarmos apagar um fogo com gasolina. Bem… ela ainda vai a tempo de mudar de nome, em nome, passe o pleonasmo, do ambiente e da salvação do planeta! Olhem, porque é que a Greta não muda de nome, por exemplo, para Joaquina? Garanto-vos que o ambiente arrefecia logo de imediato.

Pronto, pronto, o estimado leitor e a querida leitora devem estar neste preciso momento a pensar que eu reduzo tudo a uma questão de gretas e que o aquecimento global vai muito para além das gretas. É verdade! Têm toda a razão! O aquecimento é uma questão bem mais profunda, cuja dimensão ético-filosófica trespassa para lá da greta! Tão profunda que, por exemplo, em França levou nos últimos dias ao cancelamento dos exames nacionais. O que, se virmos bem as coisas, pode ser uma forma do aquecimento global estar a “comprar” os jovens franceses, uma vez que alguns destes jovens já estavam a ir na “cantiga” da Greta. No fundo, o aquecimento global está a fazer uma espécie de contra-acção política: “Jovem: Polui à grande e à francesa o ambiente e não terás exames nacionais!”. Perante isto, o que terá Greta Thunberg para oferecer? Um planeta mais fresquinho apenas? Um planeta com salsichas de tofu? Um planeta sem deliciosos hambúrguers “Texas”, “Dallas”? Aposto claramente que os nossos jovens preferem “Dallas” pela frente, “Dallas” por trás, “Dallas” por cima, “Dallas” por baixo, “Dallas” em casa, “Dallas” no carro (sim, também têm serviço de macdrive), adoram sobretudo o sabor que fica na boca daquele molhinho sublime e fantástico que permanece depois de (um) “Dallas” à maneira. Falo, claro, do novo menu “Dallas” de uma conhecida cadeia internacional de hambúrgueres.

No caso Português, o aquecimento global tem um nome: Mário Nogueira. E digo isto por três ordens de razões: em primeiro lugar porque o líder da FENPROF é completamente obcecado com o descongelamento do tempo de serviço docente. Não há dia sem que o homem não venha exigir o descongelamento dos nove anos, quatro meses e dois dias de serviço. Em segundo lugar porque em Portugal não são necessárias altas temperaturas para encerrar escolas. Em Portugal basta um simples estalar de dedos de Mário Nogueira para que sejam encerradas todas as escolas do país. O aquecimento global tem ainda muito a aprender com este líder sindical. Em terceiro lugar porque Mário Nogueira, com aquela sua barba ao melhor estilo marxista-trotskysta, se acha um ‘sexy symbol’ hot hot hot capaz de deixar a léguas o aquecimento global. A única diferença é que enquanto o aquecimento global encontrou agora uma Greta que lhe faz frente, Mário Nogueira tem centenas de milhares de gretas que o amam e idolatram…

Para concluir, resta-me desejar a todos vós a alteração de comportamentos em nome da preservação do meio-ambiente, ou melhor, em nome da preservação do ambiente por inteiro e da salvação do planeta. Qual planeta? Ora bem… é só escolher: podemos começar, por exemplo, por Marte, o que dizem?

– Se é vermelho, pode ser!

– Cala-te Mário, que este artigo já terminou!

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA