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Amargura

Hei-de habituar-me à solidão
À infinda desgraça de não ter
Sequer enxerga vaga onde morrer
Quanto mais um afago de ilusão

Nem rasto de pegadas de alguém…
Ai sina de estar só numa desdita!
Agora que a vida me é maldita
A escarnecer de mim por ser ninguém

Mas não olho para trás…Só sei dizer
Que tive pai e mãe que foram tudo
E quanto ao mais, enfim, já não me iludo
Que a amargura é boa de aprender

E é ao pai e mãe que sempre volvo
O meu olhar sofrido já pagão
Que a fé não é certeza, não é não
Quando a vida manieta como um polvo

A vida deu-me um pai e uma mãe
Que se foram, entanto. Fiquei órfão
Mas foi-me generosa no condão
De os deixar contemplar-me do Além.

E não me deu mais nada que não fosse
Por mais cru e irónico que pareça
Um trejeito de dor que se padeça
De longe bem mais agre do que doce.

Luís Gonzaga (04/09/2018).

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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