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Afirmativamente de Direita

Pode sobreviver um regime político como o nosso – democracia parlamentar representativa –, no qual o soberano – o povo português – não encontra adequada, proporcional e fiel representação parlamentar?

Porquê inadequada? Creio que a resposta é mais ou menos óbvia: o nível de abstenção crescente observado em eleições em Portugal parece demonstrar que os eleitores têm vindo a perder o interesse pela política, manifestando indiferença relativamente a quem os representa.

Uma das razões que concorre para esse desinteresse parece-me dever-se à falta de clarificação nos projectos políticos que cada um dos partidos propõe, quer para a organização social, quer para a organização económica, quer para a organização política.

Com raras excepções, os partidos políticos não apresentam de forma clara a sua orientação ideológica ou doutrinária. Procuram, com frequência, evitar enunciar a sua visão ou o seu ideal de sociedade na expectativa de, sem perder a sua base de apoio mais fiel, serem capazes de captar algum eleitorado flutuante, em geral ao centro, ou mesmo o eleitorado passível de entregar o seu voto, em forma de protesto, a um partido que, num determinado momento, proponha um conjunto de medidas que lhe pareçam pertinentes e justas.

Por outro lado, a difusão dos projectos e propostas políticas ao eleitorado está fortemente condicionada pelo acesso ao espaço concedido ou pela atenção prestada pelos órgãos de comunicação social. Os partidos com representação parlamentar têm acesso privilegiado, mas ainda assim têm um espaço desigual na comunicação social que, à semelhança do que sucede em praticamente em todo o mundo, é favorável à esquerda e ao seu projecto de governação mundial globalista, centralizador e anti-nacional, que encontra como antecâmara a formação e consolidação furtiva de blocos políticos e económicos.

Por cada jornal conotado com a direita, conseguimos encontrar três ou quatro outros jornais nos quais os editores, colunistas e até jornalistas favorecem uma perspectiva “progressista” da organização da sociedade. Curiosamente, a extrema-esquerda, a esquerda radical e revolucionária, reclama exactamente do contrário.

Pontualmente, vemos alguma atenção prestada a acontecimentos esporádicos protagonizados por personalidades, por movimentos cívicos ou políticos, por pequenos partidos que os mesmos órgãos consideram polémicos, ou seja, merecedores de censura pública. Procuram mostrar planos de imagem abertos que sugerem mobilização reduzida e exploram as palavras de ordem menos conseguidas, de forma a ridicularizarem as suas acções. Se a mobilização é grande, não comparecem e, portanto, no espaço comunicacional, é como se não tivessem existido.

Se são defensores da vida, da família e do direito dos pais a escolherem a educação que querem para os seus filhos, no respeito pelos seus valores; se são defensores da história, da língua, da cultura e tradição portuguesas; se são defensores das actividades como a pesca, a caça e a tauromaquia, ligadas à natureza, ao mar e ao mundo rural; se são defensores dos símbolos, da identidade e da soberania nacional; se são defensores da ordem pública, das forças de segurança e de defesa nacional, são apodados de retrógrados, rústicos, ultraconservadores, reaccionários e até fascistas.

Se defendem a iniciação sexual desde a infância, a liberdade sexual sem responsabilidade e a promiscuidade, o aborto livre e a eutanásia, o casamento homossexual e a poligamia, a laicidade no espaço público (selectiva e intencionalmente anti-cristã), são virtuosos activistas dos direitos humanos, libertários ou progressistas. Activista e militante de causas da esquerda são hoje sinónimos.

O plano está, portanto, visivelmente inclinado, e pende para a esquerda. E isso não é saudável para a democracia. Não é saudável para o regime parlamentar, que se tem demonstrado incapaz de se reformar, de modo a corrigir a falta de representatividade e proporcionalidade, seja ela partidária, cívica ou territorial, mas também dos inúmeros vícios decorrentes do bipartidarismo.

Os partidos portugueses apresentam-se acantonados na esquerda ou pela esquerda. Se não há qualquer dúvida quanto aos projectos ideológicos dos partidos da extrema-esquerda, da esquerda ortodoxa ou mesmo da esquerda democrática, seja socialista ou social-democrata, também não deveria haver dúvida quanto aos partidos que ocupam o espaço ideológico e político da direita. Comunismo, revolucionário ou democraticamente conformado, e socialismo, internacionalistas e colectivistas, estão à esquerda. Conservadorismo, democracia-cristã, liberalismo clássico e nacionalismo, soberanistas e personalistas, à direita.

Numa democracia madura, como se esperaria já ser a nossa, não deveria haver qualquer pudor ou reserva em assumir-se o posicionamento político de um indivíduo e menos ainda de um partido. Muito pelo contrário. Ajudaria à clarificação e demonstraria respeito pelo povo soberano, não o confundindo e esclarecendo-o. Com misturas oportunistas e tácticas, perde-se o propósito do debate político, que deve sempre ser a procura das melhores soluções políticas que sirvam o interesse do povo, muitas vezes subjugado a um conceito abstracto de interesse nacional que, na verdade, não se sabe bem a quem verdadeiramente serve. Em vez de somar, subtrai-se genuinidade, pluralidade e participação dos eleitores.

Não me parece ser saudável para a democracia a existência de uma tutela da esquerda intelectual e política sobre o povo português, permitindo-lhe abundantemente o acesso às suas propostas de transformação social “progressistas” e impedindo-o, de forma paternalista, de aceder a propostas de direita, prontamente consideradas perigosas, conservadoras, populistas, iliberais, etc…

Curiosamente, uma certa direita portuguesa deixou-se adestrar e dominar pela cultura de censura que nos foi sendo imposta – o politicamente correcto –, parecendo carregar um sentimento de menoridade e de vergonha em assumir-se como tal e, por vezes, com receio de assumir posições que possam ser consideradas pelo status quo como extremistas, acabando por fazer concessões em questões que atentam contra valores civilizacionais que, como tal, não podem ser negociáveis.

Vivemos tempos de revolução, política, cultural e espiritual, na Europa e no mundo. Esta é uma nova revolução, pós-marxista, que ameaça a civilização ocidental, de matriz cristã. No que a Portugal diz respeito, ela far-se-á sem resistência, caso os eleitores de direita se mantenham dolosamente silenciosos e abstencionistas.

Este é um tempo de combate. A nossa cultura, os nossos valores e as nossas instituições seculares estão sob ataque intenso, persistente e incessante pela extrema-esquerda que acedeu aos corredores do poder por via da oportunista “geringonça”.

Não aceite a ditadura do politicamente correcto. Não se deixe amordaçar.

Este é um tempo de acção, de mobilização e de militância. Se se afastou da política, regresse. Se nunca participou, esta é a oportunidade. Faça a sua parte. Participe, colabore, contribua, milite. Afirme-se de Direita!

De contrário, este regime e este país não sobreviverá.

 

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