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Adelino, o nómada português

Adelino Lopes © Foto DR

Adelino Manuel Lopes, um português de Setúbal, já leva 77 mil quilómetros nas pernas e 28 países nos pedais. Escolheu ser nómada.

Adelino Manuel Lopes tem 57 anos. O nome é português mas a alma é poliglota. As ondas de Setúbal, onde nasceu, levaram-no para longe, em 2003, quando deixou Portugal para percorrer a Europa de bicicleta e entrar no Livro Guiness dos Recordes.

Segundo entrevista dada ao JN, na passada quarta-feira, Adelino tinha acabado de dar descanso à bicicleta para fazer uma pausa no calor. Na altura, estacionara em Arles, antes de seguir para Marselha, onde tinha “papelada para tratar”.

Depois disso, continuará para a Suíça e a seguir espera-o a cidade do Porto. Mas o poiso em terras lusas não o chama, até porque a família que cá tem é pouca. Marrocos vai ser a primeira paragem depois de percorrer a costa portuguesa. Já deu aos pedais em todos os continentes do mundo, rodagem que lhe valeu a aprendizagem de sete idiomas.

Ser nómada foi o estilo de vida que escolheu há mais de 13 anos e é o estilo de vida que escolhe todos os dias desde então. “Comecei assim, vou acabar assim. Gosto de ser livre. Assim é que estou bem”, confessa Adelino.

Leva nas pernas 77 mil quilómetros. Percorre 40 a 120 cada dia, todos os dias. Paragens faz poucas e, quando faz, duram no máximo dois dias. O corpo não lhe dói, por muito que a dor e o cansaço fossem compreensíveis, já que Adelino se move numa bicicleta que carrega 108 quilos. Nela, leva tudo. Leva tachos e panelas, um pequeno rádio, uma televisão, jogos para se entreter, comida, roupa para o inverno, um peluche, canas de pesca, mapas. “Tudo o que preciso vem comigo”, conta, orgulhoso. Já soldou a bicicleta oito vezes desde que a tem e já lhe mudou pneus mais de 30.

Adelino não aluga quartos nem ocupa o chão de ninguém. Monta uma tenda num sítio com pouco movimento ou ata uma rede a duas árvores e, nos dias de calor, é lá que passa a noite. Em todos os países pelos quais passa – e já passou por 28 -, fica geralmente em zonas afastadas das cidades, em praias, florestas, estacionamentos onde não haja muita gente. No entanto, o país de que mais gostou foi ironicamente aquele em que sentiu maior calor da comunidade, a Noruega: “As pessoas são generosas e falam facilmente”.

Para este viajante, viver ao sabor do vento sem ajuda de ninguém é motivo de orgulho. Vive como um lobo solitário e não se queixa do que tem ou do que não tem. “Vou-me desenrascando. Um trabalho aqui, outro ali. Não gasto muito. (risos) Só preciso de cinco euros por dia para comprar comida.” Com os cabelos compridos e a bandeira de Portugal presa à bicicleta sacudidos pelo vento, Adelino Manuel Lopes diz que percorrerá a Europa e o mundo, todos os dias, “para toda a vida”.

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