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Abusos sexuais: bispos lusófonos dizem que a Igreja reagiu lentamente

O presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), D. Filomeno Vieira Dias, disse no Vaticano que a cimeira sobre abusos sexuais, convocada pelo Papa, tem mostrado uma Igreja determinada a virar a página desta crise.

“A Igreja não tem motivos para se esconder: sofre com estas situações, com a dor das pessoas que ficaram magoadas, machucadas e destruídas na sua dignidade e na sua beleza humana, mas, ao mesmo tempo, não fica apenas em palavras, quer agir e reagir de forma muito positiva, de modo coeso, para que estes abusos não se repitam no futuro e não firam a beleza da humanidade e a beleza do ministério que é a própria Igreja”, assinalou o arcebispo de Luanda, que participa no encontro sobre a proteção de menores, com 190 presidentes de episcopados e institutos religiosos, até domingo.

O presidente da CEAST admite que a ação das dioceses no território angolano ficou marcada por uma “nota negativa”.

“Reagimos muito lentamente, não demos a devida atenção a determinadas situações, reagimos quando o comboio já vai para além da estação, e isto não é bom para a Igreja. A Igreja tem de ser uma narradora credível da História, e a história conta tudo, mesmo aquilo que nos custa a engolir. Mas devemos assumir as coisas de frente”, observa.

O arcebispo de Luanda deseja que, desta cimeira inédita presidida pelo Papa, saiam “deliberações que possam ajudar a Igreja a agir, em cada lugar, de modo unânime, no respeito pelas leis civis de cada país e no respeito pela sua lei comum, que é o Evangelho, consignado nas normas canónicas”.

“Que isto não se repita e as pessoas que tenham esse comportamento sejam responsabilizadas e afastadas destas funções de maior ou menor responsabilidade dentro da Igreja, porque, no centro de tudo, está a pessoa com a sua dignidade”, advertiu D. Filomeno Vieira Dias.

O responsável lusófono admite que esta crise é “uma mancha dolorosa”, com muitos “rostos tristes”, evocando os encontros mantidos com vítimas de abusos.

“O que mais me admira é que a maioria das pessoas com quem estive em contacto eram pessoas chocadas, magoadas, mas cheias de esperança”, precisou.

O presidente da Conferência Episcopal de Timor-Leste, D. Norberto do Amaral, bispo de Maliana, fala numa “boa oportunidade” para fazer uma reflexão sobre a “situação real”, neste território, numa aprendizagem com outras realidades.

Os trabalhos ajudam a que todos possam ter “um guia para enfrentar a situação, segundo as regras em vigor na Igreja Católica e também confrontando com as leis civis”.

“É isso que estamos a fazer, com as ideias de as experiências que estão a fazer chegar às outras Igrejas irmãs, que nos enriquecem muito e nos preparam para irmos ao encontro de qualquer evento que nos aconteça, relativos a abusos sexuais”, aponta.

O programa da cimeira decorre, este sábado, com um dia de trabalhos dedicado ao tema da “transparência”, que culmina com uma Liturgia Penitencial, na sala régia do Palácio Apostólico do Vaticano, que inclui o testemunho de uma vítima de abusos.

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