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A originalidade de ser português na diáspora

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Não há forma mais original que começar por falar de emigração como dizer que longe vai o tempo em que muitos portugueses se aventuravam essencialmente para França a salto numa odisseia perigosíssima que implicaria dez dias no meio de serras recorrendo aos engajadores a quem entregavam os seus valores pecuniários, mas que tudo valia para fugir às agruras do regime português, num país decrépito e sem oportunidades para muitos. Justificado também pela fuga aos serviço militar obrigatório que implicava quase invariavelmente a ida para a guerra em África.

Estávamos no fim dos anos cinquenta, em plenos anos sessenta, diminuindo o fluxo nos anos setenta.

Se corresse razoavelmente daí a uns anitos o emigrante vinha em férias num carro vistoso com muitos autocolantes.

Hoje o emigrante português já não tem essa designação. São mulheres e homens do mundo numa globalidade ao ritmo dum avião ou das redes sociais que raramente envolve saudade.

Aquele que hoje é apenas migrante, é homem ou mulher de sucesso, e confirma-o muitos exemplos de portugueses em cargos de responsabilidade económica, política e social em vários países nesta nossa diáspora que começou há séculos pelos Descobrimentos.

Hoje o migrante português chega a preferir ficar no país de acolhimento. Há uns anitos, numa pequena estada em França, conversando com o emigrante original, dizia-me que já não queriam vir para cá, mesmo depois da reforma. O sonho de vir construir a casinha na recôndita aldeia disseminou, numa prática que eu – à época pouco atreito à migração – concordo, porque se procurámos um país à procura de melhores condições de vida, não faz sentido abandoná-lo. Quando muito deixar lá um contacto, uma moradazinha para recorrer a todo o momento se precisar.

Com a mediatização, já nem isso se justifica. Justifica-o sermos membro da UE. Ora cá, ora lá, em muito pouco tempo.

018/12/08 para o BOM DIA / Vida Económica
(Não pratico deliberadamente os chamado Acordo Ortográfico)

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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