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A lusofonia tem lugar no centro de Moscovo

© Raúl Reis / BOM DIA

Na Biblioteca de Literatura Estrangeira, no centro de Moscovo, um Centro Cultural promove a cultura dos países ibero-americanos na Rússia, visando fortalecer laços culturais e proporcionar a todos acesso gratuito ao património literário mundial, disse a sua diretora.

Num português quase perfeito, Tatiana Crauze, diretora do Centro Cultural Ibero-Americano (CCIA), uma secção daquela biblioteca, disse à agência Lusa que este “é um espaço cultural e educativo universal, cuja geografia inclui a Península Ibérica – Espanha e Portugal -, bem como quase toda a América Latina e alguns países africanos”. 

“Criado com o apoio do Ministério da Cultura da Federação Russa e das embaixadas ibero-americanas, o Centro é uma plataforma acessível a todos, onde a literatura contempla o espanhol, português, russo e outras línguas”, disse.

Inaugurado na Biblioteca de Literatura Estrangeira a 21 de maio de 2019, Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento, o Centro comemora este ano o seu quinto aniversário.

A ideia de criação do CCIA contou, na época da sua criação, com o apoio ativo da Embaixada de Portugal e do representante do Instituto Camões na Rússia, João Mendonça, sendo frequente a participação de membros da representação diplomática portuguesa nos eventos do Centro, incluindo aqueles realizados em conjunto, como apresentações de livros e exibição de filmes. 

Tatiana Crauze deu o exemplo da projeção dos filmes portugueses “А Mãe é que Sabe”, de Nuno Rocha, e “Pedro e Inês”, de António Ferreira, em 2019, e a apresentação de uma antologia poética de Sofia de Mello Breyner Andresen.

Contudo, não há agora qualquer contacto entre a diplomacia portuguesa em Moscovo e o Centro Cultural Ibero-Americano, disse.

“O Centro Cultural Ibero-Americano continuará a funcionar como espaço cultural e educativo universal da Biblioteca de Literatura Estrangeira, que divulga a cultura de Espanha e Portugal, bem como de países da América Latina”, assegurou. 

Assim, o Dia Mundial da Língua Portuguesa será por assinalado em maio, acolhendo o Centro “encontros consagrados à língua e literatura dos países lusófonos”, acrescentou. 

Questionada sobre os efeitos do atentado na sala de concertos Krokus, nos arredores de Moscovo, ocorrido no passado dia 22, Tatiana condenou “veementemente o assassinato brutal de pessoas inocentes”.

“Não há justificação para o terrorismo, manifeste-se ele como se manifestar. Apesar dos numerosos desafios e dificuldades, a Biblioteca de Literatura Estrangeira continuará o seu trabalho em benefício dos cidadãos da Federação Russa, visando fortalecer os laços culturais entre os povos de todo o mundo”, frisou.

O Centro Ibero-Americano promove eventos culturais presenciais e ‘online’, incluindo clubes de conversação, aulas abertas, exposições, apresentações de livros, palestras, mesas redondas, encontros com falantes nativos e pessoas interessadas em tudo que diga respeito à cultura, explicou.

Possui um fundo de publicações originais ou traduzidas em cinco idiomas: espanhol, português, catalão, galego e russo, entre ficção moderna e clássica, literatura não ficcionada, dicionários e obras de referência. 

Muito deste material foi doado pelas embaixadas da Bolívia, Brasil, Guatemala, Honduras, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Panamá, Paraguai, Peru, El Salvador, Uruguai, Chile, Equador e do Instituto Cervantes em Moscovo, afirmou.

Na biblioteca dedicada a Portugal, encontram-se autores como José Saramago, José Cardoso Pires, Fernando Namora, Baptista-Bastos, Aquilino Ribeiro, Sttau- Monteiro, António Lobo Antunes, Vitorino Nemésio, José Gomes Ferreira, Bernardo Santareno, Eça de Queiroz, Antunes da Silva, Castro Soromenho, Florbela Espanca, Herberto Helder e muitos outros.

No livro “Levante-se o Réu Outra Vez”, uma compilação das crónicas dominicais de Rui Cardoso Martins sobre casos de tribunal, publicada durante anos no jornal Público, lê-se a dedicatória: “À Biblioteca de Literatura Estrangeira de Moscovo, estas histórias verdadeiras, outra vez”.

Entre as numerosas iniciativas incluiu-se, na passada quarta-feira, uma reunião do Clube de Conversação em Português (nível inicial) e, hoje, instala-se no Centro o Clube de Literatura e de Conversação em Português.

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