O MDP/CDE foi um partido político português que teve nas suas fileiras grandes quadros. Entenda-se que por “quadros” se queira dizer indivíduos que pelo seu mérito possuem capacidades, valores ou talentos acima da média provenientes de diferentes áreas de conhecimento da sociedade.
Estas personalidades deste partido de esquerda que foi sozinho a eleições em 1974, antes de se coligar com o PCP formando posteriormente a APU, tinha como militantes diversos vultos da sociedade de diversas áreas da sociedade; da área académica contava com o historiador José Manuel Tengarrinha, na área do direito tinha António Vitorino, na área social contava com Catalina Pestana, na cultura tinha António Vitorino de Almeida e na área da segurança contava com José Magalhães entre muitos outros…
Contudo, este partido nunca deteve expressão eleitoral e viveu quase sempre como apêndice do PCP cerca de 14 anos, de 1975 até 1989, até à formação da CDU.
No entanto, hoje quando falamos num partido político que possui “quadros” referimo-nos a indivíduos com notoriedade pública e que aparecem na televisão com frequência, mas que não são provenientes de diferentes setores da sociedade sendo quase cerca de 90% destes quadros, provenientes de escritórios de advocacia que se especializaram a litigar contra os interesses do Estado e do povo português em períodos em que não exercem cargos públicos.
Nos dias de hoje faltam quadros nos partidos políticos que conheçam como funcionam e quais as dificuldades das escolas secundárias, como funcionam e quais as dificuldades dos centros de saúde, como funcionam e quais as dificuldades dos lares e das IPSS… e por aí fora.
O país não precisa de quadros bem falantes que sejam exclusivamente provenientes dos escritórios de advogados que sejam conhecidos dos diretores das televisões.
Os partidos que se auto vangloriam de possuírem quadros não deveriam confundir popularidade com competência. Além do mais quando os partidos políticos pecam pela diversidade de conhecimento ser resumida à formação jurídica.
Esperemos, pois, que a bem do nosso país este género de recrutamento dos partidos políticos mude o seu modus operandi pois já vimos que em diferentes casos a subserviência de um povo aos interesses económicos que alguns escritórios defendem são prejudiciais para Portugal.
Paulo Freitas do Amaral