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A espiral de negligência

O juiz de Instrução Criminal decidiu, esta quarta-feira, que a mãe que levou duas crianças para as águas da praia de Caxias vai ficar em prisão preventiva sob suspeita de homicídio qualificado” – in JN

A inabilidade para avaliar este caso não está só no senhor juiz. Aliás, muito provavelmente, pelos contornos da informação, a falta com a mãe e as duas filhas, terá vindo da origem e a falta de resposta pelas entidades descompetentes, como Segurança Social e Protecção de Menores.

A negligência virá ainda de antes. Da falta de resposta adequada sobre a eventual patologia da mãe.

Medicina e Acção Social não coabitam muito bem. E a Justiça não lhe fica atrás.

É inconcebível que um humano, ainda que juiz, possa decretar prisão a uma mulher no estado que esta senhora mostra que estava e se vê que está.

A prisão da jovem senhora, não a vai reabilitar. Não. Bem por contrário, certamente. O que esta mãe precisa neste momento, e porque noutros momentos terá faltado, é paz, ânimo, apoio… muito apoio.
A mim escandaliza-me muito que se proceda assim, num quadro de vulnerabilidade, e que um homem com a arma-automóvel nas mãos, por exemplo, saia de todo incólume da Justiça.

Escandaliza-me crimes de corrupção, ainda por exemplo, e, genericamente, crimes de colarinho-branco que muitas vezes lesa milhões (de euros ou de pessoas) e a pena seja suspensa ou quando muito prisão domiciliária.

Escandaliza-me que um juiz não tenha a capacidade de perceber quando está a punir um criminoso ou um doente, fragilzado, desvalido, o que quer que lhe chamemos. Tem ao seu dispor meios técnicos para lhe fornecer pareceres. Que os peça.

Mário Adão Magalhães, 016/02/17

(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico).

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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