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A coisa está preta, preta

Imagem ilustrativa © DR

Tornando-me eu de modo progressivo jornalista, não gosto de falar de mim. Não quero. Não devo. Porém a vida tem-me feito passar por diversas experiências.

Faz a todos. Mas a mim de modo exaustivo (…). Tenho colhido bagagem que repercute muitas vivências do e no mundo.

Comecei nas escritas aos doze anos. E isso traz-me a inevitabilidade de verter muito, muito de mim. Muito mais de mim. Costumo dizer que em “escreve” é porque tem algo que o preocupa ou apoquenta.

Até já escrevi algo parecido com isto: o plumitivo é por definição um homem insatisfeito.

Não pactuo com excessos policiais, delinquentes, criminosos, defensores extremistas e militantes. Porque todos existem. Bons e maus. Maus polícias. Aqueles frustrados que vêm vingar-se na “autoridade” que têm.

Há delinquentes, além dos patológicos, os recalcitrantes que os torna criminosos, extremistas – para o bem e para o mal – se é que os extremismos têm bom / bem ou mal / mau, e há os militantes apaixonados – aqueles cegos – que se encontram essencialmente no futebol.

Há polícias pessimérrimos. Há polícias bons. Há criminosos não totalmente maus e há os puros: maliciosos, os que são mesmo criminosos. Há os militantes e os activistas intoleráveis.

Eu tenho muitas experiências, como já disse, e apenas me servem disso mesmo: experiências. E é nestas que encontro o lenitivo para formar as minhas opiniões. Até porque estou posicionado para ver que quando temos conhecimento de um cesto, há um cento. E não exagero nem estou a ser eufemístico.

Já fui agredido na esquadra. Por motivo fútil que não existia. Fui ferido.

Já fui desapossado dos meus aposentos e bens completa, arbitrária e prepotentemente, com carradas de desprezo pela minha pessoa. Algemado no meio de mais de uma dúzia de policiais e demais autoridades. Já fui deitado no chão e empurrado para andar sem bengalas canadianas quando delas precisava para me locomover. Digo-o eu. Sei o que digo. Eu, que sou suspeito. Mas as provas legais comprovam-no.

Já fiquei sensibilizado por actos policiais péssimos. Já fiquei sensibilizado pelo melhor que podemos ver num cívico.

Já recorri às urgências hospitalares onde estive vinte e três horas rigorosamente abandonado e deliberadamente, com pormenores que além de ser difíceis de escalpelizar, são motivos completamente chocantes, impróprios para alguns leitores. E ao fim de vinte e sete horas fui internado com uma broncopneumonia gravíssima. Sem comer, beber ou qualquer medicação habitual.

Já recorri às urgências – no seguimento de uma plêiade complicada na área da Ortopedia, em que o diagnóstico era “ser operado imediatamente”. Mas na hora de os médicos levantarem o cuzinho da cama: `tá qu`eta Rosa!

– Ah, e tal… esperamos pela manhã. E eu cá para dentro: que remédio!

Chegada a manhã: – Ah, e tal… Como está em tratamento vem daqui a uns dias.

Estou a ser sucinto, com apenas alguns exemplos que não têm que ser os mais representativos, e a aligeirar a coisa à fuga do fatalismo.Já precisei de ajuda na caixa do hipermercado, e ao invés de ajudarem – sei que não seriam obrigados – tiveram a gentileza de se meter à frente e até se prestaram ao esclarecimento expresso que têm pressa.

Já encontrei profissionais péssimos quer na saúde, quer na área dos serviços ou administração públicos. Já encontrei profissionais, de todas as áreas imp… imp… impo… impo… impol… impolu… impolutos – aquilo que muitas vezes nos faz crer, até acordarmos, que tudo passaria a ser óptimo.

Já tive colegas, uma namorada, pretos e preta que não dei conta das suas tezes.

Digo muitas, muitas vezes que as directrizes ministeriais podem estar bem gizadas. Mas sempre digo: se cá em baixo não houver vontade de trabalhar, não se escudarem no empregozinho público, melhor remunerado e cómodo a coisa não funciona.
Pelo inverso também.

Se não houver bom senso, boa vontade, dedicação, carácter nem argumentos a soldo das popularuchas etiquetas de racismo, não há santo que nos valha.

Cristas não é inocente. Como eu folgo que não seja! Mais houvesse como ela.

Costa é astuto, hábil. Tantos haveriam de ser como ele.

Mas quando nos escudamos em “pré-conceitos” – não é o preconceito do preconceito – mas de ideias predestinadas, aí…
… estamos mal.

E eu… Não tenho dito.

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